“O timing jurídico na internet
Na Era da Informação, banca tem de usar ferramentas da web para se destacar no mercado

Texto: Gabriela Fornells  Administradora; professora e consultora; especialista em Marketing Jurídico, Marketing de Varejo e Gestão Estratégica de sociedades de advogados; pós-graduada em Administração Estratégica pela UTFPR; professora de Gestão de Serviços; profissional de Comunicação, Gestão de Marcas e Novas Mídias há 15 anos.
Imagine-se em uma manhã de quarta-feira, abrindo seu jornal preferido e encontrando ali a notícia da criação do Real e as metas econômicas com esse movimento do Governo Federal. No mínimo você acreditaria se tratar de uma brincadeira.
Notícias e informações têm tempo de vida e morrem depois disso. Vivemos em um mundo onde tudo é noticiado rapidamente e os assuntos de interesse são muito bem segmentados, de acordo com quem se deseja atingir. É a era da informação, a era digital, o mundo acelerado, conectado. Aliás, cada vez mais conectado.
Em 2011, 78 milhões de pessoas no Brasil a partir de 16 anos acessaram a internet. A porcentagem de brasileiros conectados à internet dobrou em três anos, aumentando de 27% para 48% entre 2007 e 2011.
No meio jurídico não é diferente. Um princípio importante a seguir é usar a internet para apoiar a reputação dos advogados, dentro de suas especialidades e dentro do que se entende por uma publicidade ética. O meio digital é uma fonte de informações e temos acompanhado isso por meio de ferramentas do Google, que indicam as tendências de busca e as palavras-chave mais procuradas. Também em nossos treinamentos pelo Brasil temos visto a expansão da consulta via internet para diversos temas jurídicos, desde temas ligados à advocacia empresarial até aqueles ligados ao cidadão e ao funcionalismo público. É um fato: pessoas e empresas têm usado a internet para se informar.
Sites, portais, redes sociais são fonte de consulta e de referencial, senão em um primeiro momento em que a indicação ainda pesa na contratação de uma banca, mas em um segundo passo, para verificar se a banca é realmente confiável. Quem inclui a internet em seu trabalho de posicionamento e de comunicação ética com o mercado, usando o meio digital com inteligência e frequência, está sendo visto e se diferenciando positivamente dos demais.

Advogados e suas bancas devem criar um diálogo via redes sociais com decisores e clientes e usar o seu site como um centro agregador de informações relevantes.

Frequência e consistência
Qualquer tipo de comunicação deve estar baseada nos parâmetros de frequência e de consistência. A frequência tem a ver com o tempo que se dá entre as ações de comunicação. Ao visitarmos alguns sites de bancas percebemos a existência de notícias antigas, a não atualização de dados como áreas de atuação e até mesmo uma falta de cuidado com a periodicidade dos artigos. Outros preferem nem ter áreas de atualização constante para não incorrer nesse problema. Mas o fato é que isso não resolve a questão. O correto é estabelecermos a frequência de nosso contato com clientes, com o mercado, com o público que deseja informações e utilizar uma variedade de ferramentas para fazer isso.
A consistência é outro problema. Há artigos excessivamente técnicos e pouco ligados a temas atuais e uma variedade de temas que, se olhados em conjunto, dizem muito pouco sobre o advogado ou sobre a banca que escreveu.
Se um advogado deseja ter uma carreira como tributarista, seus artigos, entrevistas, declarações devem coincidir sobre este tema, posicionando-o como especialista, mostrando o fruto do seu trabalho e de seus estudos na área, criando referências ligadas a seu nome. Esta estratégia é completamente compatível com a ideia de uma comunicação ética.
Criar ferramentas para dar vazão a estes artigos que o referenciam como especialista ao menos uma vez por mês seria uma estratégia maravilhosa de marketing jurídico. E se forem temas atuais dentro do Direito Tributário, em voga, dentro de um timing correto, tanto melhor. Trabalhando assim podemos dizer que existe um trabalho consistente e frequente usando a internet.
Diferencie-se com timing! Use os meios digitais para isso.
 Não podemos mais negligenciar esta ferramenta de comunicação impressionante que é a internet.

Timing
Advogados e suas bancas devem criar um diálogo via redes sociais com decisores e clientes e usar o seu site como um centro agregador de informações relevantes. Mas a questão timing é essencial.
Um bom exemplo de timing é o que aconteceu na internet quando foi aprovada a nova Lei do Aviso Prévio Proporcional em 11 de outubro de 2011. Ao colocarmos o termo no Google conseguimos ver reportagens e artigos que saíram logo depois, em um efeito cascata muito interessante.
No dia seguinte à lei, em 12 de outubro, vimos publicado um artigo no site Última Instância. No dia 13, saiu a Cartilha do Aviso Prévio da Fenacon. Em no dia 28 do mesmo mês, outro artigo em site de banca especializada em Direito do Trabalho, de Minas Gerais. Estes quatro, por sua rapidez e noção de timing, conseguiram entrar na primeira página da busca do Google quando se pesquisa o tema. A questão é: quanto vale isso em termos de reputação? Quanto vale aparecer na primeira página do Google sobre algum tema jurídico?
Estamos falando de um grande volume de informações em um período de tempo que varia entre 11 e 15 dias respondendo questões e aprofundando dados. Este é um timing bom para trabalhar uma notícia jurídica, um período ótimo em que falar sobre um tema pode fazer sua banca aparecer nas buscas e no qual o nível de dúvidas dos departamentos jurídicos, pessoas e empresas é grande.
Outra categoria de temas que podemos citar são aqueles sempre consultados. São temas atemporais, que não têm um timing específico. Palavras-chave ou tags como APOSENTADORIA, CONTRATOS, LICENÇA AMBIENTAL, ADVOGADOS, AÇÃO TRABALHISTA, EQUIPARAÇÃO SALARIAL são sempre procuradas e não podem faltar no site e em artigos da banca, facilitando a vida de quem precisa de serviços jurídicos. Obviamente um trabalho de SEO (Search Engine Optimization) pode ser feito por um especialista para maximizar a questão das palavras-chave x mecanismos de busca na internet. Mas uma dose de planejamento e foco auxilia na criação de notícias, artigos e pautas por parte do escritório.
Precisamos, assim, aproveitar as ondas de temas e trabalhar com inteligência. Pesquisas recentes mostram que as pessoas confiam mais nas empresas e marcas que aparecem na 1ª página do Google. É lá que a banca deve objetivar estar quando um possível cliente estiver à procura de uma área, de um assunto ou de um segmento em sua região ou estado.

Conhecimento é diferencial na internet
Bill Gates profetizou que “o conteúdo é rei”, e ele estava certo. No começo do artigo afirmamos que a internet é usada para buscar ou para referenciar o trabalho de uma banca, o trabalho do advogado.
Um conteúdo original, de qualidade e útil é o centro disso. A ideia é fazer com que um número cada vez mais frequente de pessoas e empresas se familiarize com a ideia de que este advogado é um especialista, de que aquela banca tem experiência, de que certas questões podem ser tratadas dentro do Direito.
Os blogs são um exemplo disto. Blogs são páginas temáticas que abordam assuntos específicos criados por um autor ou por um grupo dentro das ferramentas do Wordpress.com ou Blogger.com. Uma banca de advogados pode ter um blog e gerar conteúdo original e de qualidade com a colaboração dos advogados que ali trabalham. É uma forma eficiente de gerar conhecimento, conteúdo. Mas como obter leitores para um blog? Certamente a lógica da busca vai se estabelecer. Os mecanismos de busca vão trabalhar para que pessoas ou empresas que estejam procurando por esses assuntos encontrem o blog. E se o conteúdo for bom, mais e mais pessoas acompanharão a página, os temas, o blog, a banca.

Garanta sua presença digital
- Acompanhe as mudanças significativas de leis e pareceres relacionados às áreas de expertise de seu escritório. O Direito e o mercado estão em constante mudança e não acompanhar significa ficar para trás.
- Comece a estudar as variedades e os tipos de oportunidades existentes por trás de certos assuntos e como utilizar isso para se comunicar e criar vínculos com possíveis clientes.
- Tenha um projeto de comunicação da marca jurídica de seu escritório que inclua a internet como ferramenta de contato ético com novos clientes e de diferenciação frente a escritórios concorrentes.
- Coloque um grupo de pessoas dentro da banca trabalhando nisso, mesmo que por algumas poucas horas na semana. Tenha uma equipe voltada a cuidar do site da banca e das redes sociais. É um investimento, e não um gasto.
Vivemos na Era da Informação e tais ações são necessárias para que seu escritório possa estar presente nos meios digitais. O objetivo é se posicionar no oceano de informações, notícias, dados existentes. Ser encontrado quando procurado e ressaltar as expertises da banca quando um possível cliente precisar “conferir” suas credenciais.
Pessoas e empresas têm interesses específicos e diariamente buscam informações. Compreender que interesses são e encarar a internet como ferramenta é o caminho para se aproximar e criar uma comunicação eficaz entre advogado e cliente. É assim que uma banca de advogados se posiciona frente às demais como consultor jurídico.
Todos sabem que o que diferencia um advogado de outros é o conhecimento que ele detém. Não podemos mais negligenciar esta ferramenta de comunicação impressionante que é a internet. Usá-la em prol da reputação com frequência e consistência não deve ser deixado em segundo plano na estratégia de marketing jurídico de seu escritório.”
 Gabriela Fornells
Administradora; professora e consultora; especialista em Marketing Jurídico, Marketing de Varejo e Gestão Estratégica de sociedades de advogados; pós-graduada em Administração Estratégica pela UTFPR; professora de Gestão de Serviços; profissional de Comunicação, Gestão de Marcas e Novas Mídias há 15 anos.

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