BBom: contas são bloqueadas pela Justiça por suspeita de pirâmide
“BBom: contas são bloqueadas pela Justiça por
suspeita de pirâmide
Foram congelados R$
300 milhões, segundo procurador; pagamentos dever ser suspensos
07/2013 17:57:57 -
Empresa-mãe não tem aval da Anatel para vender rastreador
A BBom teve as
contas bloqueadas pela Justiça Federal por suspeita de ter constituído uma
pirâmide financeira. A liminar – decisão temporária – foi expedida nesta
quarta-feira (10). A empresa, que tem cerca de 300 mil associados, é a segunda
a ter as transações financeiras suspensas por esse motivo nas últimas 3
semanas.
Ao todo, foram
congelados R$ 300 milhões e a transferência de quase cem carros, dos quais duas
Ferraris, um Rolls Royce e quatro Lamborghinis, segundo o procurador da
República Helio Telho, um dos responsáveis pela ação.
Os pagamentos aos
associados – como são conhecidos os revendedores da BBom – devem ser
prejudicados pela medida, afirma Telho.
A decisão atinge as contas da Embrasystem, que usa os nomes fantasias
BBom e Unepxmil, e da BBrasil Organizações e Métodos LTDA, bem como os bens dos
sócios proprietários de ambas.
Em entrevista ao iG , o diretor
da BBom, Ednaldo Bispo, afirma não ter tido ainda acesso à decisão, mas nega
irregularidades e diz que os pagamentos da empresa aos seus associados
continuam normalmente.
"Eu penso que o nosso modelo [ de
negócios ] não foi devidamente esclarecido. E eu até entendo a posição da
Justiça. A gente não gosta, mas entende", afirma Bispo. "Vai ser a
grande oportunidade de mostrar como [ a empresa ] funciona."
Empresa não tem aval para vender rastreador
A BBom informa ser
o braço da Embrasystem que comercializa produtos e serviços oferecidos pela
empresa por meio de marketing multinível – um modelo de varejo que premia os
vendedores pelo desempenho de outros vendedores que atraem para a rede. O
principal serviço, segundo Bispo, é o de rastreamento de veículos.
A juíza susbstituta da 4ª Vara Federal de Goiânia, Luciana Laurenti Gheller,
porém, considerou que os pagamentos feitos a cada participante da rede
"depende[ m ] exclusivamente do
recrutamento feito por ele de novos associados", de acordo com nota
divulgada no site do Tribunal Regional Federal da 1ª Região (TRF-1). A
BBom cobra dos revendedores taxas de adesão que variam de R$ 600 a R$ 3 mil.
"Na verdade é um esquema de pirâmide disfarçado de venda de serviço
de rastreador por satélite", diz Telho, da Procuradoria da República em
Goiás. "Esse esquema da BBom, como era o da Telexfree , era disfarçado. Você ganha dinheiro
não por comissão de venda de rastreador, mas por pessoa que você coloca [ na rede ]."
A juíza também
apontou como evidência o fato de a Embrasystem não ter autorização da
Agência Nacional de Telecomunicações (Anatel) para comercializar os
rastreadores de automóveis. O diretor da empresa afirma que o aval não é
necessário.
"A empresa que presta o serviço de monitoramento não precisa de
homologação, mas o equipamento, sim. Nós temos todas as homologações [ do rastreador ] feitas diretamente no
fabricante."
Bispo afirma ainda
que o faturamento da BBom é composto da venda de rastreadores e, no longo
prazo, dos serviços de monitoramento.
Segundo o
procurador da República, o aumento expressivo no faturamento da BBom nos
últimos meses também chamou a atenção.
"A empresa faturava R$ 300 mil no ano passado e em março [ de 2013 ] foram R$ 100 milhões. Uma coisa
absurda", afirma.
Segundo o procurador,
além da investigação que levou à liminar concedida nesta quarta-feira (10), um
inquérito criminal será aberto para apurar a ocorrência de crime contra a
economia popular, desenvolvimento clandestino de atividades de
telecomunicações, crime contra o consumidor e a ordem econômica, lavagem de
dinheiro e evasão de divisas.
Em
todo o Brasil, 13 são investigadas
A BBom já tinha se
tornado alvo de investigação do Ministério Público do Rio Grande do Norte
(MP-RN), que anunciou no último dia 2 a abertura de inquéritos contra seis
empresas por suspeita de pirâmide financeira.
Em todo o Brasil,
13 empresas são investigadas atualmente por suspeita de pirâmide, segundo
Murilo Moraes e Miranda, presidente da Associaçao do Ministério Público do
Consumidor (MPCon) e integrante do Ministério Público de Goiás (MP-GO).
Foi criada uma força-tarefa que reúne promotores e procuradores federais.
No dia 18 de junho, a Justiça do Acre
suspendeu os pagamentos e bloqueou os bens dos donos da Telexfree , que informa comercializar pacotes de telefone por internet (VoIP, na
sigla em inglês) por meio de marketing multinível. Os responsáveis também negam
irregularidades e entraram com um mandado de segurança contra a decisão que, na última segunda-feira (8), manteve
a suspensão “.
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