DIREITO COMPARADO ALEMANHA E O CONSUMIDOR
DIREITO COMPARADO
ALEMANHA E O CONSUMIDOR
“Entidade de defesa do
consumidor denuncia discriminação
Alemanha tem uma boa rede de centros de
defesa do consumidor e uma fundação independente que testa produtos. Mas a
proteção não atinge todos: há grupos discriminados. E informação tornou-se
fundamental para se orientar na "selva do consumo".
A defesa do consumidor recebeu um
novo peso com a atual coalizão de governo integrada pelos partidos
social-democrata e verde. Após a crise na pecuária com a doença da vaca louca e
vários escândalos, o agronegócio deixou de ser o único foco da pasta de agropecuária,
criando-se o Ministério da Agricultura e Defesa do Consumidor.
Por outro lado, o consumidor alemão
conhece e exige seus direitos. E já levou a melhor em alguns conflitos seja com
os políticos, a indústria ou o comércio. Sua grande arma, o consumidor não puxa
do bolso: ele deixa a carteira no bolso. Nos anos 80, por exemplo, campanhas de
boicote à compra de frutas sul-africanas, como meio de combater a discriminação
racial, levaram a uma queda das importações para a Alemanha.
Incerteza provoca crise de consumo
Hoje, a crise econômica e as
conseqüências das reformas que estão sendo implantadas - da previdência e
saúde, entre outras - fizeram o consumidor pisar no freio, para o pesar do
comércio. Segundo a última pesquisa do Instituto Allensbach, de 13/03, mais de
55% dos alemães estão consumindo menos, temendo serem atingidos pelas
dificuldades econômicas. Cerca de 72% comparam regularmente os preços.
O governo alemão exagerou e está
deixando os consumidores inseguros, segundo a Federação Nacional das Centrais
de Defesa do Consumidor (VZBV). A entidade reúne 16 centrais mantidas pelos
governos estaduais, cada qual com várias "filiais", e 18 associações
que defendem interesses específicos, como das mulheres, das famílias,
assistenciais, etc...
Berlim está implantando uma política
neo-liberal, com ênfase na liberalização, privatização e na responsabilidade
individual, e negligenciando a defesa do consumidor, segundo Edda Müller, da
diretoria da VZBV.
Liberalização: muitas ofertas
confundem
Como exemplos, ela citou as ofertas
de previdência privada. E ainda a liberalização do mercado da eletricidade, em
que tudo teria ficado por conta das companhias geradoras e distribuidoras.
"Isso não basta", reclamou. A quantidade de ofertas e tarifas
oferecidas a partir da liberalização também de outros mercados, como o do gás e
das telecomunicações, complica a comparação de preços. Por outro lado, Edda
Müller advertiu quanto a novos cortes nas centrais, motivados por redução de
custos.
A defesa do consumidor abarca várias
áreas nas quais atua a federação: construção e moradia; serviços financeiros e
seguros; saúde e alimentação; comércio e concorrência; normatização e
especificação em rótulos; viagens e trânsito; telecomunicações e mídia; meio
ambiente e energia.
As vítimas na "selva do
consumo"
No Dia Internacional do Consumidor, a
VZBV decidiu chamar a atenção para a situação dos consumidores que são
marginalizados por sua idade, por doença ou outras condições de vida. Em meio
"à selva do consumo", um número cada vez maior de pessoas acaba
prejudicado ou sofrendo desvantagens, como por exemplo na concessão de
créditos, em contratos de seguros ou até mesmo nas compras cotidianas. A
federação cita quatro exemplos.
·
Aproximadamente a metade dos alemães
tem acesso à internet. Como um número cada vez maior de informações, ofertas e
serviços estão disponíveis na rede, os idosos e pessoas de baixa renda sem
computador acabam em desvantagem.
·
O programa de fidelidade do comércio
só recompensa o cliente transparente. Quem fornece voluntariamente seus dados
de consumo, recebe pontos para reverter em mercadorias ou descontos. Quem
quiser manter o anonimato, sai de mãos abanando.
·
Bancos, companhias de seguro e até
mesmo o comércio varejista trabalham cada vez mais com o perfil genérico dos
clientes e grupos de risco. Juros baixos e boas condições só recebe o
"bom" cliente.
·
A diminuição dos investimentos na
rede ferroviária afeta mais as regiões rurais e quem mora ali. Trens são
cortados e trechos desativados. Segundo a associação Pro Bahn, atualmente 4 mil
quilômetros de estrada de ferro estão ameaçados.
Testando produtos
Em matéria de defesa do consumidor, a
Fundação Warentest exerce um papel importante na Alemanha. Fundada em 1964 pelo
governo alemão, ela tem a tarefa de testar mercadorias e serviços. Como
autarquia, é independente, o que garante sua imparcialidade.
Sua revista Test traz
todos os meses os resultados dos últimos estudos, servindo de orientação aos
consumidores e como comprovante de qualidade aos fabricantes. Estes costumam
colocar o nome da fundação e sua classificação - gut (bom) ou sehr
gut (muito bom) - na embalagem do produto. A última edição testou,
entre outros, telefones sem fio, pneus, sabão em pó e o aconselhamento nas
farmácias”.
http://www.dw.de/entidade-de-defesa-do-consumidor-denuncia-discrimina%C3%A7%C3%A3o/a-1144056.
Acesso: 15/7/2013
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