domingo, 4 de maio de 2014

Infertilidade e Saúde Pública

"Infertilidade e Saúde Pública

Famílias desertas num mundo aparentemente superpovoado. Casais sem filhos num país que pratica 3 milhões de abortos por ano. O drama da infertilidade é um imenso contraste. Cerca de 20% de todos os casais em idade fértil não conseguem engravidar depois de dois anos de tentativas - um número que situa a infertilidade como uma das mais prevalentes doenças do planeta. No entanto, a incapacidade de perpetuar a espécie por meios naturais é ainda encarada como uma exceção, quase uma aberração que deve ser relegada ao foro íntimo dos interessados diretos . Planos de saúde não cobrem tratamentos . Políticas de saúde pública, em nível federal, estadual e municipal, nunca contemplaram a terapia de casais sem filhos , como se a infertilidade fosse uma s índrome sofisticada e exclusiva da elite.
Há mais de 20 anos militando na área da Reprodução Humana, nunca obtive êxito na tentativa de sensibilizar nossas autoridades de saúde, em sucessivos governos , para o caráter essencialmente democrático da esterilidade conjugal, que afeta ricos e pobres na mesma medida. E afeta profundamente. O desejo da maternidade/paternidade está impresso na memória ancestral de nossas células , é mais forte que conjunturas sociais e econômicas e está completamente alheio à suposta explos ão demográfica. Entende-se daí o enorme sentimento de frustração e estresse psicológico social quando o casal se vê diante do choque da esterilidade. É um drama que provoca desde crises de auto-estima até a própria desvalorização daquele casal no contexto de uma sociedade onde um dos sonhos familiares de consumo é uma viagem a Orlando.
A ansiedade diante do insucesso de uma gravidez almejada vai dando lugar à angústia e, por fim, não raramente, ao abalo conjugal. A solidão a dois é uma situação terrível. Evidentemente, nenhum dos dois é "culpado" individualmente pelo problema. A infertilidade é sempre conjugal. De qualquer forma, a ciência Reprodução Assistida, neste limiar do s éculo 21, é a resposta mais objetiva e mais feliz às preces de um casal infértil - hoje conseguimos obter uma taxa de gravidez de até 50% por tentativa com técnicas bem indicadas de fertilização in vitro. Não são tratamentos de urgência, mas é preciso lembrar que o tempo segue um sentido único e a idade é o mais forte fator de insucesso. Para casais onde a mulher tem mais de 35 anos , o tempo é cada vez mais escasso e é preciso intervir o quanto antes . É uma pena que os avanços da ciência não têm sido acompanhados da necess ária conscientização de que a infertilidade é um problema de saúde pública e não é aceitável jogá-la, como uma bomba-relógio, no colo do casal. A mídia tem um papel preponderante na tomada dessa consciência. As técnicas cada vez mais espetaculares de produção de bebês em laboratório - como a maturação de células de tecidos ovarianos ou a troca de núcleos de óvulos , introduzidas no Brasil por nossa clínica - serão apenas um rodapé nas páginas de tecnologia se não forem democratizadas e estendidas à maioria dos casais inférteis que buscam os filhos de Deus" .
Dr. Roger Abdelmassih

http://www.brasilmedicina.com.br/especial/reph_t7s1.asp. Acesso: 4/5/2014

Nenhum comentário:

Postar um comentário

Qualquer sugestão ou solicitação a respeito dos temas propostos, favor enviá-los. Grata!

FASES DO INVENTÁRIO JUDICIAL.SEGURO DE VIDA

 Fases do Inventário Judicial No processo de inventário judicial realiza-se uma série de atos, que se inicia com o pedido de abertura, pross...