“REEXAME necessário. ação acidentária. inss. amputação
das polpas digitais dos dedos da mão. NEXO CAUSAL E REDUÇÃO DA CAPACIDADE
LABORAL CONFIGURADOS. BENEFÍCIO DEVIDO.
Tem direito ao auxílio-acidente o trabalhador que em decorrência de
acidente típico do trabalho tem a sua capacidade laboral reduzida, ainda que em
grau mínimo, consoante entendimento jurisprudencial consolidado pelo STJ, por
ocasião do julgamento do REsp nº 1.109.591/SC, sob o rito do art. 543-C do CPC.
Hipótese dos autos em que a prova pericial diagnosticou que a sequela
acidentária acarretou a redução da capacidade específica de trabalho do
infortunado. Ademais, de rigor reconhecer que a amputação das polpas digitais
do 2º e 3º dedo, acaba por se refletir no desempenho adequado da função laboral
do obreiro, causando prejuízos para o infortunado, especialmente em se tratando
de trabalhador braçal. Ainda que a lesão seja de grau mínimo, o segurado faz
jus à proteção acidentária. Benefício devido.
SENTENÇA CONFIRMADA EM REEXAME NECESSÁRIO.
Reexame Necessário
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Nona Câmara
Cível
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Nº 70052194743
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Comarca de São
Leopoldo
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JUIZ(A) DE DIREITO
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APRESENTANTE
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EDEVALDO FERREIRA DOS ANJOS
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AUTOR
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INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL
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REU
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ACÓRDÃO
Vistos, relatados e discutidos os autos.
Acordam os Desembargadores integrantes da Nona Câmara
Cível do Tribunal de Justiça do Estado, à unanimidade,
em confirmar a sentença em reexame necessário.
Custas na forma da lei.
Participaram do julgamento, além do signatário, os
eminentes Senhores Des. José Aquino Flôres de Camargo
(Presidente) e Des. Leonel Pires Ohlweiler.
Porto Alegre, 27 de fevereiro de 2013.
DES. TASSO CAUBI SOARES
DELABARY,
Relator.
RELATÓRIO
Des. Tasso Caubi Soares Delabary (RELATOR)
Trata-se de reexame necessário da sentença de fls.
69/72v, que julgou procedente a pretensão deduzida na petição inaugural, in verbis:
As prestações vencidas e não pagas deverão
ser corrigidas monetariamente pelo IGP-DI, a contar do vencimento de cada
prestação, acrescidas de juros de mora de 12% ao ano, a partir da citação, nos
termos do artigo 219 do Código de Processo Civil, da Súmula 204 do Superior
Tribunal de Justiça e das Súmulas 3 e 75 do Tribunal Regional Federal da 4ª
Região.
A correção monetária e os juros de mora, a
contar da vigência da Lei nº 11.960, de 29 de junho de 2009, em 30 de junho de
2009, data da publicação, que alterou o artigo 1º-F da Lei nº 9.494/1997,
deverão ser calculados de acordo com o aludido dispositivo: “Art. 1º-F. Nas
condenações impostas à Fazenda Pública, independentemente de sua natureza e
para fins de atualização monetária, remuneração do capital e compensação da
mora, haverá a incidência uma única vez, até o efetivo pagamento, dos índices
oficiais de remuneração básica e juros aplicados à caderneta de poupança para
fins de atualização monetária, remuneração do capital e compensação da mora,
haverá a incidência uma única vez, até o efetivo pagamento, dos índices
oficiais de remuneração básica e juros aplicados à caderneta de poupança”.
Condeno o réu ao pagamento dos honorários advocatícios
em favor da procuradora da parte autora, que fixo em 10% sobre o somatório das
prestações vencidas e não pagas até a data da sentença, devidamente corrigidas,
considerando-se o trabalho desenvolvido e a natureza da lide, nos termos do
artigo 20, § 3º, alíneas “a” e “c”, do Código de Processo Civil, da Súmula nº
111 do Superior Tribunal de Justiça e da Súmula nº 76 do Tribunal Regional
Federal da 4ª Região.
Isento o réu do pagamento das custas
processuais, consoante disposto no artigo 11, “caput” e parágrafo único, da Lei
Estadual nº 8.121/1985, conforme atual redação dada pela Lei Estadual nº
13.471/2010.
Expirado o prazo recursal voluntário, com ou
sem recurso das partes, remetam-se os autos à Superior Instância, conforme
disposto no artigo 475, inciso I, do Código de Processo Civil.
A parte autora deixou o prazo recursal transcorrer sem
manifestação, sendo que o réu renunciou expressamente ao direito de recorrer
(fl. 76).
Às fls. 78/78v manifestou-se o douto Procurador de
Justiça pela manutenção da sentença em reexame necessário.
Vieram-me os autos conclusos.
É o relatório.
VOTOS
Des. Tasso Caubi Soares Delabary (RELATOR)
Ilustres Colegas.
Em relação aos pressupostos legais necessários à
concessão do benefício acidentário de auxílio-acidente, entendo que o juízo a quo analisou corretamente os elementos
de provas constantes dos autos, especialmente as conclusões da prova pericial
que demonstrou que da lesão ocupacional restou sequela que ocasionou a redução
da capacidade específica de trabalho do infortunado.
Assim, considerando as condições físicas e o estado de
saúde do segurado, bem como as consequências da sequela acidentária na
capacidade laboral do segurado, concluo ser devido ao autor o benefício de auxílio-acidente acidentário, nos termos do
art. 86 da Lei 8.213/1991.
Nesse sentido:
APELAÇÃO CÍVEL. AÇÃO ACIDENTÁRIA. INSS. AMPUTAÇÃO PARCIAL DE
FALANGE DISTAL DA MÃO. NEXO CAUSAL E REDUÇÃO DA CAPACIDADE LABORAL
CONFIGURADOS. BENEFÍCIO DEVIDO. Tem direito ao auxílio-acidente o trabalhador
que em decorrência de acidente típico do trabalho tem a sua capacidade laboral
reduzida, ainda que em grau mínimo, devido à necessidade adaptação do
infortunado a uma nova atividade de trabalho. Hipótese dos autos em que a
sequela descrita na mão do obreiro acaba por se refletir no desempenho adequado
da função laboral, causando prejuízo para o infortunado, especialmente porque a
sequela acidentária lhe impede de exercer o seu lavor habitual, tanto que o
segurado foi reabilitado pela Previdência Social para exercer uma nova
atividade de trabalho compatível com as suas limitações físicas. Afora isso, a
prova pericial também diagnosticou que o segurado apresenta redução da sua
capacidade específica de trabalho. Ainda que a lesão seja de grau mínimo, o
segurado faz jus a proteção acidentária, consoante entendimento jurisprudencial
consolidado pelo STJ, por ocasião do julgamento do REsp nº 1.109.591/SC, sob o
rito do art. 543-C do CPC. Redução da capacidade de trabalho comprovada.
Precedentes desta Corte. APLICAÇÃO DA LEI Nº 11.960/2009. CONSECTÁRIOS LEGAIS.
A partir da vigência da Lei nº 11.960/2009 incidem sobre as parcelas vencidas,
tão-somente, os consectários legais previsto nessa alteração legislativa.
CUSTAS PROCESSUAIS. O INSS é isento do pagamento das despesas processuais, nos
termos da Lei nº 13.471/2010, que alterou o Regimento de Custas do Estado, com
exceção das despesas judiciais, por força da liminar concedida em sede de ação
direta de inconstitucionalidade. DERAM PARCIAL PROVIMENTO AO APELO. UNÂNIME. (Apelação
Cível Nº 70051115202, Nona Câmara Cível, Tribunal de Justiça do RS, minha
relatoria, Julgado em 24/10/2012)
INFORTUNÍSTICA. AMPUTAÇÃO TOTAL DA FALANGE DISTAL E MÉDIA DO
2º QUIRODÁCTILO DIREITO E LESÃO DE POLPA
DIGITAL DO POLEGAR DIREITO. REDUÇÃO DA CAPACIDADE LABORATIVA.
AUXÍLIO-ACIDENTE DEVIDO. É devido auxílio mensal ao trabalhador que sofre
redução da capacidade laborativa, atestada em laudo pericial, não se cogitando,
nesta hipótese, de incidência da vedação instituída no art. 104, § 4º, I, do Decreto
nº 3.048, de 6 de maio de 1999. MARCO INICIAL DO BENEFÍCIO. Precedido de
auxílio-doença, o auxílio-acidente é devido a partir do dia subseqüente ao da
cessação do pagamento daquele benefício anterior. TERMO DE INCIDÊNCIA DA
CORREÇÃO MONETÁRIA. Em dívida alimentar e de valor, oriunda de fato ilícito, a
correção monetária incide a partir do vencimento de cada prestação. JUROS
MORATÓRIOS. BENEFÍCIO PREVIDENCIÁRIO. ENTENDIMENTO DO SUPERIOR TRIBUNAL DE
JUSTIÇA. Os juros moratórios, em dívida de natureza previdenciária, são devidos
desde a citação válida, no percentual de 12% ao ano. PROCESSUAL CIVIL. ENCARGOS
DA LIDE. INSS. RESPONSABILIDADE. ALCANCE. CRITÉRIOS DE CÁLCULO. As custas
processuais são devidas pelo INSS por metade, e os honorários advocatícios,
também devidos, incidem sobre as prestações vencidas até a data da prolação da
sentença. Inteligência da Súmula 111 do Superior Tribunal de Justiça. SENTENÇA
PARCIALMENTE REFORMADA. (Apelação e Reexame Necessário Nº 70005557400, Nona
Câmara Cível, Tribunal de Justiça do RS, Relator: Mara Larsen Chechi, Julgado
em 27/08/2003)
No restante, a sentença deve ser confirmada em reexame
necessário, porquanto corretamente solveu a lide trazida a juízo de acordo com
as disposições da legislação acidentária e o entendimento jurisprudencial desta
Corte.
À luz dessas
considerações, confirmo a douta sentença em reexame obrigatório.
É o voto.
Des. Leonel Pires Ohlweiler (REVISOR) - De
acordo com o(a) Relator(a).
Des. José Aquino Flôres de Camargo (PRESIDENTE) - De acordo
com o(a) Relator(a).
DES. JOSÉ AQUINO FLÔRES DE CAMARGO -
Presidente - Reexame Necessário nº 70052194743, Comarca de São Leopoldo: "CONFIRMARAM A
SENTENÇA EM REEXAME NECESSÁRIO. UNÂNIME."
Julgador(a) de 1º Grau: MARCELO LESCHE TONET”
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