VI Exame OAB – 2ª FASE – Padrão de correção
Direito Administrativo
Peça
Gabarito Comentado
A peça a ser elaborada consiste
em uma ação de desapropriação indireta ou em uma ação ordinária de indenização
por apossamento administrativo em face do Município de Bugalhadas, em
decorrência da afetação fática do bem à utilização pública, sem a observância
do devido processo legal. O enunciado deixa claro que o terreno já se encontra
incorporado ao patrimônio público, de forma a afastar o manejo de ações
possessórias ou de ação reivindicatória, na forma do artigo 35 do Decreto-Lei
3.365/41. Daí porque a pretensão a ser deduzida em juízo é indenizatória.
Em relação ao juízo competente
para processar e julgar a demanda, em que pese tratar-se de pretensão de
direito pessoal (indenizatória), o entendimento consolidado da jurisprudência é
no sentido de que se trata de ação real para fins de fixação de competência,
donde resulta a necessidade de observância da regra de competência do foro da
situação do bem imóvel (logo: juízo fazendário ou cível da Comarca de
Bugalhadas).
É importante que o examinando
deixe claro que não se aplica à ação de desapropriação indireta o prazo
prescricional de cinco anos previsto no artigo 10, parágrafo único, do
Decreto-Lei n. 3.365/41, afastando a ocorrência de prescrição no caso concreto.
Por fim, quanto à incidência de
juros moratórios e compensatórios, o examinando deve requerer a aplicação do
artigo 15-A, §3, do Decreto-Lei n. 3.365/41.
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Fundamento da não
ocorrência de prescrição: Súmula 119 do STJ interpretada à luz do art. 1.238
do Código Civil.
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Fundamentação para a
pretensão indenizatória 1.
Apossamento sem a observância do devido processo legal previsto no
Decreto-Lei 3.365/41.
2. Caracterização da
desapropriação indireta, com base em seus conceitos fundamentais.
3. Violação ao princípio da
prévia e justa indenização em dinheiro, nos termos do art. 5º, inciso XXIV,
CRFB.
4. Direito à indenização pela
perda da propriedade, em razão do disposto no artigo 35 do Decreto-Lei
3.365/41.
5. Incidência de juros
compensatórios e moratórios, nos termos do artigo 15-A, §3º, do Decreto-Lei
3.365/41.
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O examinando deve afirmar que a
responsabilidade civil das empresas concessionárias de serviços públicos é
regulada pela norma do artigo 37, §6º, da CRFB, que adota a teoria do risco
administrativo. Não pode o examinando fundamentar o dever de indenizar da
concessionária exclusivamente no Código de Defesa do Consumidor.
Posteriormente, deve o
examinando mencionar que a orientação recente do STF, ao interpretar o artigo
37, §6º, CRFB não faz distinção entre usuários e não usuários do serviço
público para fins de aplicação da teoria da responsabilidade civil objetiva
(teoria do risco administrativo) nessa hipótese (RE 591.874).
Quanto ao item b, não pode o
Estado (Poder Concedente) ser direta e primariamente responsabilizado por ato
de concessionários de serviços públicos, tendo em vista: (i) a interpretação da
norma do artigo 37, §6º, da CRFB, que nitidamente separa e individualiza a
responsabilidade civil das pessoas jurídicas de direito público e das pessoas
jurídicas de direito privado prestadoras de serviços públicos; e (ii) a norma
do artigo 25 da Lei 8.987/95, que expressamente atribui a responsabilidade à
concessionária.
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Incidência da norma do artigo
37, §6º, da CRFB – teoria do risco administrativo / responsabilidade civil
objetiva.
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Ausência de distinção entre
usuários e não usuários do serviço para fins de aplicação do artigo 37, §6º,
da CRFB.
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Item b
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Não pode o Estado (Poder
Concedente) ser direta e primariamente responsabilizado por ato de
concessionários de serviços públicos – interpretação do artigo 37, §6º, CRFB
–, nos termos do art. 25 da Lei
8.987/95, que expressamente atribui a responsabilidade à concessionária .
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Fonte:>http://www.oab.org.br/arquivos/pdf/Exame-de-ordem/pratico-profissional/Administrativo.pdf<.
Acesso: 31/7/2012
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