quinta-feira, 24 de abril de 2014

Imaginação garante sobrevivência de sírios em campos de refugiados

"Imaginação garante sobrevivência de sírios em campos de refugiados

Por Nahum Sirotsky - correspondente em Israel  - Atualizada às 
Texto

Na Turquia, Líbano, Jordânia e Iraque, refugiados desalojados por conflito cruel improvisam todo tipo de atividade comercial

Os sírio-libaneses e seus descendentes constituem percentual significativo na população do Brasil. Jorge Amado chegou a escrever romance interessante sobre eles. Essa população fez contribuições das mais importantes, das quais pouco se fala.
AP
Síria Falak al Ammar, 13, segura livro de inglês no Campo de Refugiados de Zaatari, em Mafraq, Jordânia (22/4)
Esqueci quantas vezes passei por vilarejos fronteiriços e vi muitas "lojas do turco", referindo-se a pequenos armarinhos e armazéns de imigrantes sírio-libaneses. Marcando sua presença, implantaram nessas regiões os primeiros atos de civilização por meio de comércios estabelecidos por imigrantes, onde moradores encontravam objetos como roupas, tecidos, rádios de pilha etc.
Era chamada de a "loja do turco". Juntamente com ela, nos mesmos centros habitacionais, serviam pequenos destacamentos do Exército, cujos tenentes atuavam como médicos, dentistas, por exemplo. Para ambos os grupos, devemos dívida nunca destacada.
Esbarrei nessas lojas no meio de selva, isoladas de tudo, dependendo apenas do rio para suas comunicações. Descendentes chegaram a importantes posições políticas, além do mundo acadêmico e demais profissões liberais. A expressão "loja de turco" veio do fato de que, por 500 anos, os otomanos dominaram o mundo árabe.
A Síria, origem de muitos deles, inclusive de banqueiros famosos, está sendo arrasada por cruel guerra civil. O número exato de mortes é desconhecido. Na Turquia, Líbano, Jordânia e Iraque surgiram verdadeiras cidades de tendas, onde refugiados sobrevivem, milhões deles. Com admirável competência e imaginação, improvisam todo tipo de atividade comercial.
Nos tempos mais recentes, o bombardeio dos rebeldes pelo governo de Bashar Al-Assadmata e arrasa, com indiferença, rebeldes e civis inocentes, crianças, com fortes indícios de uso de armas químicas. Já vi o pior desse mundo nos meus anos de jornalismo. Não entendo a falta de interesse mundial pelo crime que se comete na velha Síria, de incontáveis lugares arqueológicos. Uma vergonha que assisto às vezes com binóculo, visitando as elevações das Colinas do Golan.
Subitamente, depois de anos de rompimento, os palestinos de Ramallah firmam acordo com o Hamas, que se odiavam. Gaza é um osso no pescoço de Israel. Uma pequena área de 400 quilômetros quadrados, com 1,5 milhão habitantes, que a Jordânia e o Egito recusaram receber. Virou um pequeno país, de grupos terroristas radicais, conforme classificado no mundo.
O Hamas, que domina Gaza, destaca no seu programa a destruição do Estado de Israel. O Fatah, por sua vez, admite relação de paz, que não se consegue concretizar. Diz Mahmoud Abbas, presidente da Autoridade Palestina, que a união do povo viabilizará o acordo final.
Os israelenses não conseguem entender como é possível firmar paz com um grupo que deseja sua destruição. É previsível que, se não houver um entendimento, um acordo, criando o Estado da Palestina, resulte numa nova intifada, com a volta do terrorismo e muito derramamento de sangue. A tradição histórica é a de que árabes e judeus são primos, descendem da mesma raiz, Abraão ou Ibrahim".
*Colaboração de Nelson Burd

Nenhum comentário:

Postar um comentário

Qualquer sugestão ou solicitação a respeito dos temas propostos, favor enviá-los. Grata!