“LUIZ FLÁVIO GOMES, jurista e
diretor-presidente do Instituto Avante Brasil. Estou no professorlfg.com.br
Eliza Samudio teria sido assassinada por várias pessoas,
incluindo-se o ex-goleiro do Flamengo, Bruno Fernandes, que vai a julgamento no
dia 04 de março. Seu corpo até hoje não foi encontrado. A juíza da Comarca de
Contagem (MG), Marixa Rodrigues, acaba de determinar que seja expedida a
certidão de óbito dela. Que relevância tem isso para o julgamento de Bruno?
No plenário do júri, quando do julgamento de “Macarrão” (que foi
condenado pelos jurados, como participante do crime), o Promotor de Justiça fez
referência a uma série enorme de indícios relacionados com a morte de Eliza.
Não tendo sido encontrado seu corpo, a única prova existente é a indireta
(indícios, testemunhos, presunções, ilações etc.).
O reconhecimento do crime pelos jurados animou a juíza a
admitir, em outro processo, que Eliza está morta. Tudo isso, claro, vai ser
devidamente explorado no julgamento do ex-goleiro Bruno, valendo observar que
os jurados contam com ampla liberdade de aceitar ou não como verdadeiros todos
esses fatos.
Uma coisa, portanto, é nossa convicção. Outra distinta é o
veredito dos jurados, que pode não coincidir com nossa convicção. Muita gente
está convencida de que Eliza Samudio está morta. Mas no plenário do júri a
liberdade dos jurados é incontestável. Cada caso é um caso. Do ponto de vista
jurídico, o relevante é sublinhar que teoricamente essa morte pode ser negada
no novo julgamento, o que implicaria a absolvição dos réus.
Apesar dessa possibilidade, o certo é que a situação da defesa,
com a decisão da Justiça de mandar expedir a certidão de óbito de Eliza, ficou
mais complicada ainda. Primeiro veio a surpreendente incriminação (delação) de
Macarrão contra Bruno, dizendo que ele teve efetivamente participação no
assassinato. Agora a Justiça mandou expedir a certidão de óbito da vítima.
Tudo isso vai ser exaustivamente debatido no julgamento, que
será com toda certeza muito acalorado. O advogado de Bruno disse: “A juíza está
tomando a decisão que cabe aos jurados. Ela já decretou, já decidiu que Eliza
morreu” (Folha de S. Paulo de 16.01.13, p. C7). A influência dessa decisão na
cabeça dos jurados parece inequívoca. Mas no plenário do júri tudo pode
acontecer. Que prospere a justiça no julgamento do dia 04 de março e que tudo
seja feito para evitar a confusão vista no anterior”.
http://atualidadesdodireito.com.br/lfg/.
Acesso: 17/1/2013
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