terça-feira, 15 de janeiro de 2013


“TERÇA-FEIRA, 15 DE JANEIRO DE 2013

Autor: Professor Celso Grisi

Economista e Advogado. Mestre, Doutor e Livre-Docente pela FEA/USP.
Professor Titular da FEA/USP.
Diretor de Desenvolvimento de Negócios, Marketing e Relações Institucionais da FIA, Coordenador do Programa de Comércio Exterior Brasileiro da FIA, Coordenador dos cursos de Pós-Graduação e MBA da FIA.
Diretor- Presidente do instituto de pesquisa de mercado Fractal - Forma, Acaso e Dimensão.
O Brasil em 2013:
uma perspectiva econômica modesta
1.   A combinação de uma política de renda que reajusta o salário mínimo em percentuais imprudentes com um apertado mercado de trabalho levarão os salários a crescer mais rapidamente que a produtividade do sistema. Prato cheio para a inflação.
2.   Nesse contexto, a política monetária de juros baixos levará a inflação em direção ao limite superior da meta.
3.   A alternativa de aumentar a taxa Selic parece descartada como elemento de contenção de eventuais altas de preços.
4.   O crescimento dos custos da unidade de trabalho permanecerá, junto com a carga tributária e a infraestrutura, como as grandes barreiras à recuperação da competitividade nacional.
5.   As reformas devem passar incólumes pelo ano de 2013. O desgaste do governo, pelo fracasso na área econômica, subtrai as condições para eventuais iniciativas relacionadas às reformas no âmbito tributário, previdenciário, trabalhista, administrativo e do funcionalismo.
6.   A reforma patrimonial também terá ritmo excessivamente lento.
7.   As privatizações coincidirão com um período de desencanto dos capitais internacionais pelo país.
8.   A inadequada regulação e a incapacidade do estado aparelhado comprometerão a eficiência processos de privatização.
9.   Os investimentos estatais e privados reagirão negativamente ao peso desses desencontros e podem apresentar desempenhos frustrantes.
10.              Os investidores continuam arredios à intervenção do governo na ordem econômica, com o baixo crescimento e com as frustrações no cumprimento de metas estabelecidas.
11.              Investidores mudarão suas atitudes apenas quando houver sinais mais claros de que a economia brasileira está realmente se recuperando.
12.              O fornecimento de energia se constituirá em mais um entrave ao crescimento nacional.
13.              Por outro lado, o serviço da dívida pública e a inadimplência das pessoas físicas diminuirão mais expressivamente, abrindo possibilidades para a expansão do crédito.
14.              A prudência marcará essa expansão creditícia e elevará o crescimento do consumo de maneira apenas moderada.
15.              O risco de baixo crescimento do PIB é, portanto, possibilidade muito presente, contrariando claramente as expectativas oficiais.
16.              O governo, salvo mudança da equipe econômica, continuará com sucessivasintervenções, apoiados em novas medidas de estímulos.
17.              Como consequência, o processo deenfraquecimento do real deve continuar.
18.              O saldo da balança comercial, o déficitem conta corrente e os fluxos cambiaisainda não sofrerão conseqüências significativas.
19.               O superávit primário, entretanto, deve reduzir-se, sob o pretexto de menores exigências de reserva.
O mundo em 2013:
as emoções já não serão tantas
Os maiores problemas foram encaminhados e as principais fontes de rupturas foram anuladas. Pelo menos temporariamente.
1)  A China volta-se para dentro:
a.   Sua economia realizou em 2012 um bem comandado pouso suave.
b.   O baixo crescimento mundial e altas dívidas dos países desenvolvidos incentivaram a substituição do mercado externo pelo mercado interno.
c.   O país inicia uma lenta retomada do crescimento.
2)  Os Estados Unidos melhoram suas condições institucionais:
a.   Desde 2008, o esforço para ampliar a velocidade da recuperação assentou-se em medidas monetárias, trazendo liquidez ao mercado interno e inundando mundo om sua enfraquecida moeda. A “guerra cambial” levou à medidas defensivas em várias partes do mundo.
b.   Os estímulos monetários envolveram a compra de títulos de longo prazo e de papéis lastreados em hipotecas. Com isso o juros de longo prazos foram levados para baixo e o mercado imobiliário, para cima.
c.   O acordo alcançado em torno do abismo fiscal trouxe condições institucionais mais favoráveis ao crescimento.
d.   Lentamente, o consumo e o estoque de crédito crescem, o desemprego recua e o mercado de imóveis recupera-se.
3) Na Europa, o sonho diplomático da unificação resiste à crise global.
a.   Os líderes europeus superaram suas divergências e reafirmaram os propósitos da unificação.
b.   Os países membros estão comprometidos com a realização de seus ajustes, em velocidades próprias, conforme suas circunstâncias e possibilidades.
c.   Credores compreendem que cumprimento integral das metas fiscais conduziria a recessões socialmente inviáveis e a riscos de desintegração da moeda única.
d.   O BCE assume as funções de supervisor das instituições bancárias da região e, igualmente, assumirá o de autoridade fiscal junto aos estados membros.
É notável ver os avanços no plano das instituições à busca de instrumentos e de organismos que pudessem fazer frente às aventuras financeiras dos agentes, nos últimos anos. Viveremos, a partir de agora, em um mundo com menores emoções”.

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