“Espionagem: Será que os EUA
estragaram tudo?
Por Leonardo Metre*
Convergência Digital :: 17/12/2013
Marissa Mayer (CEO Yahoo) e Mark
Zuckerberg (Facebook) disseram, recentemente, que "o governo estragou
tudo" em relação ao Patriot Act e os projetos PRISM e FISA (a Lei de
Vigilância de Inteligência Estrangeira). "Nós perdemos", disse Mayer
do processo judicial, acrescentando: "Se você não cumprir, é
traição."
Mark Zuckerberg também respondeu
a perguntas sobre o envolvimento de sua empresa com solicitações de dados da
NSA, Zuckerberg disse que o Facebook leva o seu papel na proteção da
privacidade "muito a sério", mas não tenho duvidas que Zuckerberg
como Marissa Mayer sabem da avenida de crimes e criminosos transitando e se
comunicando pela internet em suas plataformas e devem entender que não são eles
os responsáveis por permitir isto, mas sim as pessoas mal intencionadas que se
valem da tecnologia para práticas ilegais e crimes.
As comunicações de décadas atrás
se restringiam somente à telefonia fixa, e posteriormente à telefonia móvel,
permitindo aos agentes de lei um monitoramento mais simples e focado em relação
aos alvos de investigação, na última década, este cenário mudou e as
comunicações migraram para a internet.
Hoje possuímos inúmeros sistemas
operacionais (RIM, Symbiam, Android, IOS etc), cada qual com múltiplos
protocolos (TCP-IP, FTP, UDP, VOIP), contendo inúmeros aplicativos e meios de
comunicação, Redes Sociais (como Facebook, Twitter, Google Plus, Linkedin,
Badoo etc), Skype, WhatsApp, Viber, E-mail’s etc. E cada qual com a sua
criptografia criando um enorme desafio para a atividade de inteligência em
coletar dados e informações dos mais variados tipos e espalhados em diversas
fontes de dados.
Ao contrário do que muitos
pensam, não basta apenas analisar as contas de telefone, visto que as
comunicações também migraram para os smartphones e dispositivos móveis, e que
tipo de dados eles fornecem além de SMS’s e Telefonemas casuais? Fotos, áudio,
vídeo, arquivos, opinião etc. Segundo Morgan Stanley, em 2011, as pessoas
falavam em média 40 minutos via Facebook, muito além da média de conversa de telefonia
móvel, não há como interceptar alvos e produzir conhecimento apenas através de
conversas telefônicas, é preciso entender o atual cenário e desafios da
aplicação da lei, não obstante, os governos precisam se adequar ao cenário
atual, mas também buscando garantir os direitos individuais de maneira menos
intrusiva e mais precisa quanto à busca das respostas, Quem? Quando? Onde? Como
e Por quê?
Muito mais do que
"likes" no Facebook e fotos no Instagram constam nestas plataformas
nossa preferência musical; opinião política-ideológico, nossa geo-localização
em tempo real e, futuramente, através de novas tecnologias como Google Glass e
efeito Doppler será possível saber também o que está acontecendo à nossa volta,
o que vemos e sentimos.
O avanço tecnológico permite hoje
e permitirá amanhã, muito mais do que a produção de conhecimento sensível,
beirando a violação da privacidade, o conhecimento e mitigação dos dados dos
usuários de internet é também uma forma de censo, e toda forma de censo pode
vir a ser também um meio de controle social e estas informações nas mãos
erradas podem gerar erros históricos irrecuperáveis para governos autoritários,
organizações criminosas ou tudo o que atente contra uma sociedade mais livre,
justa, e solidária.
Felizmente, para o bem da
atividade de inteligência, Edward Snowden, não revelou por completo a
capacidade tecnológica completa da NSA que também é utilizada por outras LEA’s
(Law enforcement agencies), pois estas dependem da superioridade tecnológica e
sigilo do saber para combater organizações criminosas que de fato, também
utilizam tecnologias avançadas para suas atividades mundo a fora.
No Brasil, pude constar que os
operadores de inteligência, especialmente a ABIN e Polícia Federal, possuem uma
enorme preocupação em não violar a privacidade, não apenas por respeito aos
direitos constitucionais do qual eles também têm direito e zelo, mas também
porque de uma maneira mais técnica, meses de investigação podem ser
desperdiçados com um habeas-corpus, caso seja constatada a violação da
privacidade e liberdade individual nos autos de uma investigação, pois há
também, casos reportados pela comunidade de inteligência em que algumas
organizações criminosas se valem das lacunas da lei para se beneficiar, casos
onde estes grupos já se comunicaram via chat de um famoso jogo on-line e
falando por metáforas segundo a fonte de uma agência de inteligência que
interpretou e interceptou esta organização evitando uma grande tragédia.
Como estes, há outros exemplos
bem sucedidos da interceptação de comunicações via internet, e como estas
tecnologias podem beneficiar o bem comum, entretanto, se é que possamos dizer
que exista crime "menor", os grandes criminosos não atuam via
Facebook ou e-mail, ainda que alguns crimes tenham sido desvendados a partir do
monitoramento da internet e vidas foram salvas inúmeras vezes através do
rastreamento móvel em inúmeros casos de sequestro, desastres e crimes em geral.
As tecnologias de monitoramento
podem e devem servir a um bom propósito em uma linha tênue entre a aplicação da
lei e a violação da mesma, o jogo de gato e rato estará sempre presente no
desenvolvimento tecnológico e na adequação dos governos às novas tecnologias
ditas “disruptivas”.”
*Leonardo Metre é Engenheiro de
Software e especialista em Sistemas de Inteligência
http://convergenciadigital.uol.com.br/cgi/cgilua.exe/sys/start.htm?infoid=35650&sid=15#.UrDGb9JDuE5.
Acesso: 17/12/13
http://convergenciadigital.uol.com.br/cgi/cgilua.exe/sys/start.htm?infoid=35650&sid=15#.UrDGb9JDuE5.
Acesso: 17/12/13
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