O
assédio moral contra servidores públicos está na pauta da Comissão de
Direitos Humanos. O tema foi discutido em audiência pública nesta
quarta-feira (9) e será tratado em um projeto de lei, a ser apresentado
pela Comissão até o fim do ano.
Vários
projetos de lei já tratam do tema, mas, conforme ressaltou o presidente
do Sindicato dos Servidores do Ministério das Relações Exteriores,
Alexey van der Broocke, essas propostas acabam sendo postas de lado por
conta de eventual vício, já que a iniciativa seria exclusiva do Poder
Executivo.
Segundo
o presidente da comissão, deputado Pastor Marco Feliciano (PSC-SP),
mais de 2 mil denúncias já foram recebidas e o colegiado não pode se
omitir, pois há relatos até de suicídios por conta de assédio moral
sofrido em repartições públicas. “Se houver vício, vamos ter de procurar
uma alternativa B. Ir até o Executivo, conversar com a ministra Maria
do Rosário para que ela nos ajude a encontrar um dispositivo, porque é
preciso fazer alguma coisa”, declarou.
Durante
a audiência, o representante da Corregedoria da Advocacia Geral da
União defendeu a necessidade de uma legislação específica sobre o
assédio moral no serviço público. Para Hélio Saraiva Franca, uma lei
federal afastaria dúvidas e questionamentos em relação à aplicação do
conceito de assédio moral.
De
acordo com ele, a lei também deverá disciplinar o que deve ser
considerado e determinar a tramitação da denúncia. “A denúncia de
assédio moral se diferencia um pouco das demais denúncias de
irregularidades no serviço público porque tem alguns conceitos difíceis
ainda de se determinar”.
Sérgio
Ronaldo da Silva, representante da Confederação dos Trabalhadores no
Serviço Público Federal, concorda que um projeto de lei deve abordar a
prática. Ele relatou casos de assédio na Funai, onde servidores que
respondem a Procedimentos Administrativos no Mato Grosso do Sul chegaram
a ser interrogados por policiais rodoviários armados. “Uma verdadeira
demonstração de intimidação, ressaltou.
Segundo
Sérgio Silva, os casos de assédio moral se repetem em vários outros
órgãos do Executivo e o movimento sindical tem até elaborado cartilhas
para os servidores.
Provas
A
procuradora regional do Trabalho, Adriane Reis, apresentou algumas
sugestões, como deixar em aberto, no texto da lei, o conceito de assédio
moral e tornar possível que testemunhas possam fazer a denúncia para
que a tarefa não fique apenas nas mãos da vítima. Segundo ela, a maior
dificuldade nos casos de assédio é conseguir provas.
“Para
comprovação do assédio, o que deve fazer a vítima? Ela deve colher o
maior número de documentos e de dados possíveis. Ela deve anotar todas
as situações de assédio, ela pode gravar, recolher e-mails, documentos
de toda ordem. Por exemplo, tem situações em que a vítima de assédio
moral deixa de prestar serviço na sala e é colocada em um corredor. Essa
é uma situação clara de assédio moral”, explicou.
Segundo
a procuradora do Trabalho, outra dificuldade das vítimas é encontrar
pessoas dispostas a testemunhar em favor delas. Isso porque os colegas
de trabalho se calam diante do assédio moral, temendo represálias.
Suicídios
Presidente
do Sindicato dos Servidores do Plano Especial da Polícia Federal,
Leilane de Oliveira disse que os agentes administrativos são os que mais
sofrem assédio moral dentro da instituição. “No último ano foram 12
suicídios. Não queremos mais perder colegas. É inadmissível que ninguém
veja o que acontece. É preciso uma legislação e conscientizar os
servidores”, destacou a sindicalista.
Dagoberto
Lemos, diretor do Sindicato Nacional dos Auditores Fiscais da Receita
Federal, também relatou três casos de mortes relacionadas a assédio.
Segundo ele, em cada 10 afastamentos por razões de saúde, oito foram
vítimas de assédio moral.
Fonte: Câmara dos Deputados Federais
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