(23 de
janeiro, 15:41)
“Ministro da
Defesa da China efetua uma visita enigmática à Ucrânia
©
Colagem: Voz da Rússia
O ministro chinês da Defesa, Liang
Guanglie, acaba de realizar uma visita prolongada à Ucrânia. O secretismo à sua
volta permite supor terem sido concluídos vários acordos novos na área de
cooperação técnico-militar. Convém realçar a este propósito que a maioria dos
programas sino-ucranianos concorre aos projetos russos desenvolvidos na China.
A julgar por fotografias protocolares,
o ministro foi acompanhado por uma representativa comitiva militar. Além de uma
reunião como o ministro ucraniano da Defesa, Pavel Lebedev, o titular da pasta
militar da China foi recebido pelo primeiro-ministro, Mykola Azarov, e mais
tarde, pelo Presidente Viktor Yanukovich. Não se sabe nada sobre os resultados
da viagem enquanto a mídia local assinala um ambiente de extremo secretismo em
torno das conversações mantidas em Kiev. É bem provável que não se trate de
assinatura de contratos reais, mas sim de uns acordos-quadro a serem elaborados
em breve.
Cumpre salientar existirem várias
linhas-mestras da colaboração militar ucraniano-chinesa. A empresa Malyshev de
Kharkov fornece motores-diesel 6TD-2 para os blindados chineses exportados
MBT-2000. Hoje em dia, continua em vigor um contrato de entrega de 200 motores
desse tipo, celebrado em 2012. A empresa Zoria-Mashproekt de Nikolaev exporta
as unidades de energia a gás para os equipamentos marítimos, colaborando com a
China na esfera de transferência de tecnologias. De uma importância maior se
reveste ainda a cooperação com a empresa Motor-Sich, de Zaporojie,
especializada em fabricação de propulsores para aeronaves, que fornece motores
para os aviões de treino e alguns tipos de mísseis.
A companhia aeronáutica Antonov
continua sendo um elemento-chave dos programas chineses visando o
desenvolvimento do parque da aviação de transporte militar. Engenheiros
ucranianos têm participado no aperfeiçoamento da família de aviões de
transporte médios Y-8/Y-9, criados com base em An-12 ucranianos, bem como em
obras de projeção do novo avião pesado de carga chinês Y-20.
Este último, demonstrado recentemente
ao público, foi concebido com base no avião pesado de transportes An-170, mas a
sua projeção, a cargo de especialistas ucranianos, não foi levada a cabo. Além
disso, a companhia aeronáutica Antonov era responsável pela projeção de asas
para o avião de passageiros ARJ-21, também com um destino triste.
A empresa More, da cidade portuária de
Feodossia, constrói para a China os barcos de desembarque a colchão de ar,
análogos aos Zubr russos, entregando à parte chinesa os documentos técnicos.
Existem ainda outras áreas de colaboração sino-ucraniana que se desenvolve no
período pós-soviético: a eletrônica de aviação, a radiolocalização, a produção
de sistemas automatizados de comando e de mísseis ar-ar.
A maioria dos programas acima citados
faz concorrência aos projetos russo-chineses nesse domínio. Todavia, a parte
russa espera que, em perspectiva de longo prazo, a ameaça da concorrência
ucraniana vá diminuir. Enquanto que a Rússia tem vindo a aumentar os
investimentos na indústria de defesa e as compras de armas para suas Forças
Armadas, a Ucrânia se vê obrigada a viver graças às exportações de produtos
elaborados ainda nos tempos soviéticos.
As empresas ucranianas do ramo carecem
de potencialidades para poderem alargar a gama de artigos oferecidos ao
consumidor estrangeiro. Até os chineses têm de criar análogos para os artigos
ucranianos existentes. Em 2011, a China procedeu aos testes do carro blindado
MBT-3000, munido de um motor diesel chinês com a potência de 1200 cv
(cavalo-vapor), capaz de substituir o 6TD-r ucraniano.
À luz disso, seria
provável que a Ucrânia, confrontando-se com a baixa competitividade de seus
produtos, tentasse alargar a sua presença no mercado chinês à custa do acesso a
suas tecnologias na esfera aeronáutica. Por isso, os resultados da recente
visita de Liang Guanglie merecem serem examinados com a elevada atenção, uma
vez que a Ucrânia, apesar dos problemas pendentes, mantém o seu papel da
segunda, após a Rússia, fonte de tecnologias militares destinadas para a China”.
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