Projeto
em exame na Comissão de Assuntos Sociais (CAS) estende direitos
trabalhistas básicos a brasileiros contratados fora do país para atuar
em representações oficiais no exterior. Pelo texto do senador José
Sarney (PMDB-AP), eles passariam a desfrutar de garantias como o 13º
salário, férias com adicional de um terço, licenças maternidade e
paternidade, entre outros.
A
proposta (PLS 246/2013) beneficia os Auxiliares Locais e os Auxiliares
Civis, este últimos engajados apenas nos órgãos de representação das
Forças Armadas no exterior. Pelo texto, os contratados terão ainda
direito a salário nunca inferior ao salário mínimo vigente no país em
que estiver sediada a repartição externa. Deverá também haver revisão
anual do valor.
Sarney
apresentou o projeto em junho, em resposta a reivindicações da
Associação dos Funcionários Locais do Ministério das Relações Exteriores
no Mundo (Aflex). O relator, senador Paulo Bauer (PSDB-SC), recomenda a
aprovação. O exame final será na Comissão de Relações Exteriores e
Defesa Nacional (CRE), com envio imediato à Câmara dos Deputados em caso
de aprovação, se não houver recurso para votação também em Plenário.
Processo seletivo
Os
Auxiliares Locais são contratados após processo seletivo publicado em
edital oficial. Podem ser admitidos tanto brasileiros como estrangeiros,
para atividades em diversas áreas, desde serviços gerais até
processamento de documentos oficiais e assistência executiva.
Pela
legislação em vigor, as relações trabalhistas e previdenciárias nesses
contratos são regidas pela legislação do país onde estiver sediada a
representação. Sarney argumenta que essa regra deixa espaço para que
aconteçam situações “odiosas”, já que em muitos países a proteção
estatal ao trabalho é restrita.
O
autor explica que em muitos lugares - entre os quais Estados Unidos,
Canadá e Inglaterra - as garantias, direitos e deveres trabalhistas são
estabelecidas basicamente por meio de negociação coletiva entre as
partes. Como os Auxiliares não podem participar de sindicatos para
defender seus interesses, acabam com pouca proteção normativa.
O
senador argumenta que o Brasil tem entre seus fundamentos “a dignidade
da pessoa humana e o valor social do trabalho”. Observa ainda que toda
pessoa que presta seu trabalho em solo brasileiro está protegida por
garantias reconhecidas como o patamar mínimo civilizatório para que o
trabalhador possa garantir sua subsistência e a de sua família com
dignidade. Por isso, afirma que a situação de desigualdade em que se
encontram os brasileiros que atuam no exterior não pode perdurar.
Constitucionalidade
Paulo
Bauer, o relator, afirma que o trabalhos dos auxiliares é fundamental
para as tarefas realizadas pelas missões do Brasil no exterior, pois
conhecem a língua, os costumes e a cultura local. Como Sarney, ele
critica a diferença de tratamento entre os que trabalham nas
representações na condição de servidores, protegidos pela legislação
brasileira, e os contratados locais, que não estão.
A
favor do projeto, Bauer também diz que a matéria não apresenta problema
de constitucionalidade, já que não dispõe sobre servidores públicos,
criando cargos ou funções. Portanto, a seu ver, não aborda tema de
iniciativa privativa do presidente da República.
Proposta diversa
Proposto
pela CDH, outro projeto em tramitação na Casa tenta oferecer solução
para os contratados de nacionalidade brasileira que atuam nas
representações no exterior. O PLS 143/2013 sugere a criação de uma
carreira específica, a Carreira dos Funcionários Locais. A matéria vai
tramitar na CRE e, depois, na Comissão de Constituição, Justiça e
Cidadania (CCJ).
A
CDH também realizou audiência em junho para debater a situação dos
contratados no exterior, quando ocorreram denúncias de práticas de
assédio moral e sexual por parte de diplomatas contra auxiliares locais.
Fonte: Senado Federal
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