“O jovem advogado e os novos ramos do Direito
31/mai/2011
Trata
dos novos ramos do direito e dos desafios para o jovem advogado.
Oceano Azul e Oceano Vermelho.
Claro que estas expressões muito são
utilizadas no mundo empresarial, tendo um significado expressivo após as lições
de Kim e Mauborgne, em seu clássico “A estratégia do oceano azul” (Elsevier, Rio
de Janeiro, 2005); o qual encantou gestores do mundo todo, não tendo se
limitado aos nobres corredores da famosa Universidade de Harvard.
No mundo empresarial, entende-se por
oceano azul aquele mercado a ser explorado, cuja concorrência ainda é irrelevante,
sendo claro que o crescimento da empresa é um norte certo.
Por outro lado, o oceano vermelho é o
mercado já infestado por concorrentes, no qual a sobrevivência da empresa é um
desafio diário, e o lucro uma conquista cada vez mais rara e a ser comemorada,
ainda que por centavos.
A advocacia moderna muito se
relaciona com as lições acima, de modo que a atividade do advogado cada vez
mais denota o desafio de o profissional tentar obter o diferencial necessário
para navegar nos calmos mares do oceano azul.
O mercado, hoje, exige mais do que o
ótimo e fluente conhecimento das áreas tradicionais do Direito. Não basta mais
conhecer muito bem Direito Civil, Direito Penal, Direito Processual Civil,
Direito Processual Penal, Direito Constitucional, Direito Comercial, Direito do
Trabalho, Direito Tributário, e ou Direito Administrativo.
A fluência nas áreas tradicionais do
Direito é requisito de sobrevivência em um mercado infestado por concorrentes
do mais alto nível; todos prontos para dominar seu espaço no revolto oceano
vermelho da advocacia.
É ilusão crer que o mundo jurídico é
composto por profissionais que não são tão bons, e que ainda impera aquele
tradicional jargão de que sempre haverá espaço para o bom profissional, o qual
é raro e difícil de se encontrar nos pretórios.
O mau profissional, hoje,
simplesmente não sobrevive. Sequer tem a oportunidade de tentar nadar no
oceano.
O bom advogado, hoje, sobrevive, mas
está no oceano vermelho, competindo para sobreviver, com concorrentes aptos e
muito ávidos por conquistas e melhorias profissionais.
E como navegar no oceano azul da
advocacia?
Além de ser efetivo e dominar muito
bem as áreas tradicionais do Direito, almejando sempre ao atendimento célere e
estratégico, de modo a gerar resultados eficazes para o cliente, o advogado
precisa conquistar um diferencial.
O advogado precisa dominar áreas que
tradicionalmente não são abordadas nas salas das universidades de Direito.
Enfim, o causídico tem que se dedicar
ao estudo e à especialização quanto aos novos ramos do Direito; aqueles que
surgem em decorrência de movimentos do mundo imprevisível do business e que
cada vez mais necessitam de legal experts; ainda raros no mercado nacional.
Advogados especializados no mercado
de energia, por exemplo, são difíceis de encontrar. É um desafio contratar
verdadeiros especialistas para litigar na Aneel, decifrar o emaranhado de
normas que regulam a atividade de produção e distribuição de energia no Brasil
e para servir de seguros conselheiros em opiniões legais a respeito de tal
espinhoso ramo do Direito.
Não diferente é o desafio que se tem
ao se pensar no mercado de Trading, com suas complexas e minuciosas regras a
respeito de contratos especializados de comércio exterior, regulamentos
específicos de bolsas internacionais quanto à resolução de conflitos,
arbitragens técnicas, dentre outras minucias.
Está aí um mercado – o do Trading
Market – que demanda muito a participação de profissionais especializados em
comércio exterior e legislação especifica de negócios internacionais e arbitragens,
e que muito vem em uma diretriz crescente no Brasil.
Um outro caminho para o Oceano Azul
da advocacia é a especialização no agrobusiness, parte da economia nacional que
ganhou nobre destaque, principalmente nos últimos anos, com a possibilidade de
uso da cana de açúcar para a produção do etanol.
Dominar os contratos agrícolas, as
operações de produção do etanol, e o comércio deste produto no mercado
doméstico e internacional, certamente é um campo a ser explorado pelos
advogados; campo este que ainda contém poucos especialistas.
Não se pode esquecer o universo das
Fusões e Aquisições e do Direito Imobiliário. Áreas não tão novas, mas que
ainda se mostram promissoras para a advocacia moderna, seja pela falta de
muitos profissionais especializados, seja pela possibilidade de o mercado
absorver a oferta de trabalhos jurídicos em razão de expressivas ondas geradas
pela forte demanda de negócios.
O Direito ligado à internet. Claro
que em um mundo cada vez mais informatizado e dominado pela rotina dos
computadores, com as gerações Y e Z influenciando a rápida disseminação das
informações, é óbvio que profissionais do mundo jurídico terão mercados
diferenciados por um bom tempo, notadamente quando dedicados ao desafio de
regular o uso da internet e interpretar complexos negócios gerados através
deste instrumento.
E em uma sociedade cada vez mais
preocupada com a sustentabilidade, é certo que advogados que dominam o Direito
ambiental e regras especificas do terceiro setor podem encontrar um grande
diferencial, principalmente na assessoria às empresas, cada vez mais
fiscalizadas e preocupadas por bem atender as demandas inerentes à
responsabilidade social.
E quanto ao contencioso?
O advogado de litígio certamente é um
dos mais conhecidos desde os primeiros passos da advocacia antiga. O desafio
para este profissional é encontrar caminhos mais efetivos para atender aos
anseios do seu cliente, dominando fields poucos estudados há alguns anos, tais
como a mediação e a arbitragem.
Não se busca aqui esgotar as
possibilidades de o advogado se especializar em um novo ramo do Direito.
Mas apenas exemplificar que é
possível atingir o oceano azul no exercício da advocacia, desde que o
profissional esteja apto a demonstrar que tem diferencial; que é apto a
explorar novos ramos do Direito, os quais surgiram, em sua grande parte, do
imprevisível e rápido mundo dos negócios.
Seja como for, a mensagem final do
humilde advogado que aqui escreve é a de que o bom advogado sempre deve ter em
mente que sua profissão é uma clássica prestação de serviços, e que bem atender
o cliente – surpreender suas expectativas – é o mínimo que se pode fazer para
sobreviver no competitivo campo da advocacia.
O advogado deve buscar a excelência
do excepcional jogador de golfe, que nas sutis tacadas nos belos campos
europeus, consegue fazer um hole one; e a estratégia e efetividade dos jovens
jogadores de xadrez nos parques americanos, os quais, na luta contra o relógio,
conseguem obter um célere e brilhante xeque mate.
Fazer a diferença. Essa expressão é o
norte de sucesso para todo e qualquer advogado’.
Nenhum comentário:
Postar um comentário
Qualquer sugestão ou solicitação a respeito dos temas propostos, favor enviá-los. Grata!