O
presidente do Superior Tribunal de Justiça (STJ), ministro Felix
Fischer, deve criar uma comissão especial para analisar o projeto do
novo Código de Processo Civil (CPC) e oferecer sugestões. A ideia surgiu
após reunião realizada nesta quinta-feira (29) com o deputado federal
Paulo Teixeira (PT-SP), relator-geral da comissão de reforma do CPC, que
contou com a participação de ministros de todas as Seções do STJ.
Além
do presidente, estiveram presentes os ministros Castro Meira, Humberto
Martins, Herman Benjamin, Napoleão Nunes Maia Filho, Sidnei Beneti,
Benedito Gonçalves, Raul Araújo, Paulo de Tarso Sanseverino, Antonio
Carlos Ferreira, Villas Bôas Cueva, Sebastião Reis Júnior, Marco Buzzi,
Assusete Magalhães, Sérgio Kukina, Regina Helena Costa e Rogerio
Schietti.
O
objetivo da reunião era debater pontos específicos das alterações
previstas no projeto. O deputado Paulo Teixeira apresentou o texto aos
ministros e destacou pontos importantes nas alterações do CPC, relativos
a questões como solução consensual de conflitos, valorização da
jurisprudência, processo eletrônico, simplificação do sistema recursal,
cooperação, penhora múltipla, remessa necessária e outros.
Recursos repetitivos
As
questões relativas aos recursos repetitivos provocaram grande debate
entre os participantes da reunião. O ministro Sebastião Reis Júnior
levantou a questão da impossibilidade da decisão monocrática quando
ainda não há jurisprudência, mas o caso é notoriamente uma demanda
repetitiva. Para o ministro, o ponto contraria o ideal do novo CPC, pois
atrasaria a prestação jurisdicional.
O
debate levou o deputado federal a propor a criação de uma comissão
formada pelos ministros para sugerir uma nova formulação, mais madura, a
alguns pontos do texto. “Não podemos retroceder naquilo que o Tribunal
entende como um marco positivo”, afirmou Paulo Teixeira, ao reconhecer
que não há ninguém melhor para opinar do que aqueles que efetivamente
trabalham com o direito.
Ordem cronológica
Outro
ponto discutido foi o julgamento por ordem cronológica obrigatória,
excluídas algumas prioridades previstas por lei. Castro Meira citou a
experiência que teve quando era magistrado de instância inferior, quando
um de seus colegas começou a julgar os feitos seguindo a cronologia.
Para
o ministro, algumas situações podem mesmo favorecer o julgamento de uns
feitos em relação a outros, mas tentar solucionar o problema com essa
medida talvez não seja o mais acertado.
Os
ministros aproveitaram a presença do relator da reforma para tirar
dúvidas quanto à aplicabilidade da medida e a definição da data inicial -
no caso, a conclusão ao julgador para decisão final - e sugeriram a
exclusão de outros instrumentos processuais, como cautelares e outras
medidas de urgência. Paulo Teixeira deixou claro que a ordem cronológica
não se aplica aos recursos repetitivos e decisões monocráticas.
Vinculação vertical
A
ministra Assusete Magalhães mostrou-se preocupada com a situação do STJ
hoje e o número crescente de processos, lembrando a súmula vinculante,
que funcionou muito bem com o Supremo Tribunal Federal (STF). “É preciso
fazer algo para solucionar essa questão”, disse.
Em
resposta, o deputado esclareceu que a jurisprudência de observância
obrigatória tem como principal objetivo diminuir o número de causas. Ele
ressaltou que o projeto inteiro foi estruturado para que a
jurisprudência do STJ e do STF seja mais efetiva em relação às
instâncias ordinárias.
O
novo código disporá sobre detalhes da vinculação e sobre o
contraditório, mas outras questões polêmicas foram levantadas, como a
influência da regra na independência do magistrado.
Embargos
Paulo
Teixeira também solicitou a ajuda dos ministros no ponto que trata da
alteração do sistema recursal. Entre outras providências, o projeto
extingue os embargos infringentes e aperfeiçoa os embargos de
declaração.
Os
ministros Sidnei Beneti e Paulo de Tarso Sanseverino apontaram o risco
de mudanças que podem gerar demanda ainda maior que a anterior, como já
houve no passado. O ministro Herman Benjamin sugeriu o aperfeiçoamento
do texto, para deixar mais explícito o que está sendo determinado pela
lei.
Ao
final da reunião, o presidente Felix Fischer agradeceu a presença do
parlamentar e se comprometeu a criar o mais rapidamente possível a
comissão que irá analisar os pontos levantados e sugerir as alterações
necessárias.
Fonte: Superior Tribunal de Justiça
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