“OAB adverte para risco de PJe
excluir advogados e cidadãos da Justiça
Brasília – O vice-presidente do Conselho Federal da
Ordem dos Advogados do Brasil (OAB), Claudio Lamachia, alertou nesta
sexta-feira (01/03) os poderes públicos para o fato de que a implementação do
Processo Judicial Eletrônico (PJe), da forma como vem sendo conduzida e sem a
infraestrutura adequada, “vai acabar resultando na exclusão dos advogados e dos
cidadãos, em prejuízo da necessária inclusão e acesso à Justiça”. O alerta foi
feito ao participar, como representante do presidente nacional da OAB, Marcus
Vinicius Furtado, da abertura do simpósio “O PJé?”, promovido pela Associação
Brasileira de Advogados Trabalhistas (Abrat) com apoio da OAB. O evento discute
as questões políticas e jurídicas do processo eletrônico e deve ser encerrado
com um documento da advocacia trabalhista sobre o tema, a ser debatido com o
Tribunal Superior do Trabalho (TST).
Um dia depois de a OAB divulgar
documento apontando os cinco maiores
problemas do PJe – produzido em reunião de oito horas
com os presidentes de Comissões de Tecnologia e Informação das 27 Seccionais da
OAB, a qual ele conduziu -, Claudio Lamachia voltou a afirmar que a entidade é
favorável ao processo eletrônico, mas vai combater suas deficiências e a
tendência de exclusão dos advogados e das partes que sua implantação
tem apresentado até agora.
“Nós temos diversos Estados da Federação que até
hoje não têm internet banda larga”, afirmou lembrando uma das
deficiências do modelo de implantação em curso. “Como é que podemos pensar em
implementação do processo judicial eletrônico se não temos uma telefonia
celular básica que funcione a contento nesse País? Se não temos sequer a
internet 3G através da telefonia móvel celular? Desse modo, vai acabar
restringindo a capacidade postulatória do advogado e , portanto, do acesso à
Justiça pelo cidadão”.
Citando outros pontos do documento da OAB que
aponta os maiores problemas do PJe, Lamachia lembrou que em diversos locais do
país há deficiências também no fornecimento de energia elétrica, para
reivindicar a necessidade de uma garantia mínima por parte do Estado no
que diz respeito à infraestrutura para se ter o acesso aos sistemas do processo
eletrônico.
Ele destacou também a necessidade de unificação e
padronização do processo eletrônico para uma maior racionalidade e facilitação
do seu uso pelo advogado. “Hoje, o advogado tem que conhecer diversos sistemas
de processo eletrônico judicial pelo país a fora: temos que conhecer o sistema
da Justiça do Trabalho, o sistema da Justiça Federal, o sistema da Justiça
Estadual, e daqui a pouco teremos de conhecer o sistema da Justiça Militar, da
Justiça Eleitoral”, criticou o vice-presidente nacional da OAB ao defender “a
unificação de um sistema que seja factível e que facilite a inclusão e não a
exclusão”.
Lamachia considerou fundamental o movimento da
advocacia, conduzido por OAB, Abrat e outras entidades da categoria, para se
debater e questionar o processo eletrônico judicial. “Eu quero saudar esse
movimento, pois a partir de suas propostas teremos mais elementos para debater
e demonstrar aos tribunais e, acima de tudo, aos poderes públicos que falta
estrutura no nosso País para se implementar o processo judicial eletrônico
(PJe) da forma que a sociedade necessita hoje”, disse ele, ao reafirmar os
cinco problemas apontados pela OAB que precisam ser observados na implementação
do sistema.
Da abertura do encontro “O PJé?”, pelo Conselho Federal da OAB
participou também o vice-presidente da Comissão Especial de Direito da Tecnologia e da Informação, José Mario Porto Junior, que defendeu um
documento de sugestões bem fundamentadas ao final do evento, para ser levado ao
TST. O membro honorário vitalício da OAB Nacional, Cezar Britto, participou do
debate no painel que tratou do PJe e as limitações para o exercício da
advocacia. Também o presidente da OAB-DF, Ibaneis Rocha, esteve presente à
abertura encontro, que foi conduzido pelo presidente da Abrat, Antonio Fabrício
de Matos Gonçalves, e o presidente da Associação de Advogados Trabalhistas do
Distrito Federal (AATDF), Nilton Correia”.
http://www.oab.org.br/util/print/25222?print=Noticia.
Acesso: 1º/6/2013
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