Vários
deputados defenderam a urgência para a votação, ainda neste ano, do
Projeto de Lei Complementar (PLP) 275/01, do Senado, que permite que as
mulheres policiais [Federais, Rodoviárias Federais e Civis] se aposentem
depois de 25 anos de contribuição à Previdência Social, desde que
estejam há 15 anos na carreira. As defesas foram feitas durante
audiência pública sobre a proposta na Comissão de Segurança Pública e
Combate ao Crime Organizado nesta quarta-feira (27).
Segundo
a deputada Alice Portugal (PCdoB-BA), que participou da audiência, já
foi entregue ao presidente da Casa, Henrique Eduardo Alves, requerimento
pedindo a urgência da votação da proposta. “Não mediremos esforços para
tentar votar até o próximo dia 17” , assinalou a deputada.
De
acordo com a Lei Complementar 51/85, os policiais podem se aposentar
após 30 anos de serviço, desde que tenham ao menos 20 anos de exercício
em cargo de natureza estritamente policial. Esse dispositivo, em tese,
abrange tanto os policiais do sexo masculino quanto os do sexo feminino,
indistintamente.
O
projeto já foi aprovado por todas as comissões em que tramitou e em
primeiro turno no Plenário, mas precisa da aprovação em mais um turno
para ser encaminhado para o Executivo.
Tramitação travada
O
PLP tramita desde 2001 e, segundo o deputado João Campos (PSDB-GO), que
propôs a audiência, ficou travado por uma posição contrária do governo.
“O governo sempre teve uma posição oposta, uma posição desfavorável ao
projeto e o governo tem uma força imensurável. Isso dificultou a
aprovação do projeto que muitas vezes foi pautado em Plenário, mas não
conseguimos votar. É exatamente isso que queremos vencer”, disse.
O
líder do Solidariedade, deputado Fernando Francischini (PR), disse que o
partido vai votar unanimemente pela aprovação do projeto e que vai
obstruir a pauta de votações do governo enquanto o PLP não for para a
pauta.
Impacto na Previdência
Presente
na audiência, o coordenador-geral de normatização e acompanhamento
legal do Ministério da Previdência Social, Narlón Gutierre Nogueira,
disse que o ministério não é contra a aprovação do projeto, mas lembrou
que todo projeto que reduza o tempo de contribuição ou reduza a idade
para aposentadoria vai representar algum custo para a Previdência.
Segundo ele, porém, não existe um estudo especifico do quanto será o impacto sobre a pasta.
A
Associação Nacional dos Delegados de Polícia Federal, a Federação
Nacional dos Policiais Rodoviários Federais, entre outras associações
que participaram da audiência, destacaram que o impacto financeiro seria
mínimo e irrisório porque, afinal, no ano de 2013, por exemplo, no
Brasil, apenas uma policial rodoviária federal se aposentou.
Segundo
a deputada Alice Portugal, o impacto só será sentido daqui há alguns
anos, porque a maioria das mulheres policias ainda não está em idade de
se aposentar.
A
presidente da Associação das Mulheres Policiais do Brasil (Ampol),
Creusa Camelier, lembrou que quando a Lei Complementar 51/85 foi ditada,
era uma época em que o contingente de mulheres policiais era de apenas
1% e por isso foram contemplados os homens.
De
acordo com a Federação Nacional dos Policiais Rodoviários Federais,
existem hoje cerca de 11% de mulheres policiais rodoviárias e
rodoviárias federais.
Luta das mulheres
Alice
Portugal disse ainda que a legislação não foi atualizada para garantir
efetivamente os direitos de gênero. “As mulheres em todas as categorias
no mundo do trabalho têm cinco anos a menos que o homem para se
aposentar em função da dupla jornada, da condição de gerar filhos, de
amamentar, de toda a contingência que a divisão social do trabalho levou
a mulher, só a mulher policial não tem”, disse.
A
representante da Federação Nacional dos Policiais Federais, policial
federal Valnice Hoffman, concordou com a deputada. “Precisamos de
justiça porque a garantia já é estendida a todas as categorias no Brasil
menos às policiais. É uma profissão de risco, mulheres têm dupla
jornada, desgaste físico e mental. Muitas policiais entram em depressão,
têm problemas de saúde e crise de ansiedade”, disse.
Novos debates
Entre
os dias 4 e 5 de dezembro os deputados querem se reunir em audiências
com o líder do governo na Casa, Arlindo Chinaglia (PT-SP), os líderes
dos partidos, a ministra-chefe da Secretaria de Relações Institucionais
do Brasil, Ideli Salvatti, o ministro da Justiça, José Eduardo Cardozo, e
o ministro da Previdência Social, Garibaldi Filho, para influenciar no
debate e votar o projeto até 17 de dezembro.
Fonte: Câmara dos Deputados Federais
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