“Proposta de reforma da Previdência será apresentada na
sexta-feira
Entre as medidas propostas estarão idade mínima de 65 anos
para aposentadoria e o aumento do período de contribuição
Ministro da Fazenda, Henrique Meirelles diz que a reforma é
prioridade e que a discussão acontece em foros adequados
O governo Temer vai apresentar na sexta-feira a proposta de
reforma da Previdência já sinalizada pelo ministro da Fazenda, Henrique
Meirelles, e pelo novo secretário da pasta, Marcelo Caetano. Entre as medidas
estão a fixação de uma idade mínima para se aposentar, que ficaria em 65 anos
para homens e mulheres, aumento do período mínimo de contribuição para o INSS
dos atuais 15 anos para 20 anos, desvinculação do reajuste dos benefícios do aumento
do salário mínimo, nesse caso haveria somente a reposição da inflação para
todos.
A proposta também prevê a revisão dos benefícios enquadrados
na Lei Orgânica de Assistência Social (Loas), que concede um salário mínimo a
idosos e deficientes de baixa renda. Outro ponto que deve mudar é a forma de
concessão e o prazo para aposentadorias e pensões, tanto urbanas quanto rurais,
na iniciativa privada. No setor público também haverá mudanças, enão apenas dos
futuros trabalhadores, mas também para quem já está no mercado. Avalia-se ainda
o fim gradativo de aposentadorias especiais, num período de quatro e oito anos,
além do término da paridade de reajuste para trabalhadores na ativa e inativos,
imediatamente.
De acordo com Meirelles, a reforma é prioridade e, para ele,
a discussão acontece em foros adequados, já que envolve outros setores do governo
e do Congresso. “Essa discussão já começou a ser tratada da forma mais objetiva
e realista possível. É importante que se debata claramente o que é direito
adquirido e expectativa do direito”, diz.
As maiores centrais sindicais do país se dividem quando o
assunto é Previdência. Um grupo elabora propostas para serem apresentadas antes
de sexta-feira. Reunidas ontem, a Força Sindical e a UGT correm contra o tempo
para fechar alternativas.
Já a CUT não reconhece a legitimidade do governo Temer e se
nega a negociar. A CBT fará manifestações hoje, Dia Nacional de Luta em Defesa
da Previdência pública. Para a central, é necessário ajustar e adequar as
formas de arrecadação e custeio da Previdência e não fazer mudanças que vão
prejudicar os trabalhadores. “Não negociamos com golpistas”, dispara Quintino
Severo, secretário Administrativo e Financeiro da CUT.
Congresso pode barrar medidas do governo
Mesmo que ignore a discordância das centrais sindicais, o
governo interino ainda tem pela frente um interlocutor bastante suscetível às
pressões populares: o Congresso. Como a maioria das propostas em debate altera
o texto constitucional, para produzir efeito será preciso o voto favorável de
três quintos dos parlamentares (308 deputados e 49 senadores).
Nos bastidores, aliados do Planalto já sugerem que eventuais
mudanças só sejam submetidas a plenário após as eleições deste ano — ou seja,
em novembro. Até lá, ninguém quer se desgastar com o eleitorado com medo de
colher prejuízo nas urnas. O governo pode se preparar para o embate se incluir
a idade mínima na proposta de reforma da Previdência, adverte Quintino Severo,
secretário Administrativo e Financeiro da CUT e membro do Conselho da
Previdência Social. “É injusto, é desumano, é arbitrário punir o trabalhador
que começou mais cedo. Porque é isso que a idade mínima faz: penaliza quem
começa a trabalhar cedo”, diz. “Vamos ao Congresso e ao Senado discutir a
proposta”.
Diante de tanto embate, informações desencontradas e regras
mais rígidas, os segurados correm para antecipar a aposentadoria. De acordo com
o Instituto Brasileiro de Direito Previdenciário (IBDP), desde que o governo
Temer anunciou a intenção de fazer a reforma, o movimento nos escritórios
especializados em Previdência cresceu em média 30%.
Segundo o instituto, há quem aceite se aposentar mais cedo,
recebendo menos, devido ao fator previdenciário, ante à iminência de ter de
contribuir por um período maior. “Antes de alterar direitos é necessário que o
governo pare de sangrar os recursos da seguridade social”, critica a presidente
do IBDP, Jane Berwanger.
Fonte: http://economia.ig.com.br/2016-05-31/proposta-de-reforma-da-previdencia-sera-apresentada-na-sexta-feira.html
Acesso:31/5/2016
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