Creche é mantida por contribuições de magistrados e servidores do TJMG

“Nutris busca apoio para manter atendimento a crianças


“Ações e Programas | 14.11.2013
Creche é mantida por contribuições de magistrados e servidores do TJMG

Uma comunidade carente, na qual crianças e adolescentes estão expostos à violência, ao assédio do tráfico de drogas, e, não raro, à falta de oportunidades. Foi num cenário como esse, no bairro Mariano de Abreu, em Belo Horizonte, que foi plantada uma semente de esperança, em 1986: o Núcleo de Trabalho e Integração Social (Nutris), creche de onde surgiu, em 2005, o Núcleo Arte e Cultura (Nac). Braços sociais da Justiça mineira, as instituições lutam para sobreviver com poucos recursos financeiros.

Tudo começou pelas mãos de Lucinda Alvarez de Oliveira, viúva do desembargador José Oswaldo de Oliveira Leite. Foi ela quem idealizou e fundou a creche Nutris, com o apoio de magistrados, nas proximidades de uma área ocupada logo após a grande enchente de 1982, que deixou desabrigadas muitas famílias na capital mineira. As crianças que passaram a viver ali se encontravam em situação de vulnerabilidade social e, com o objetivo de oferecer a elas o cuidado de que necessitavam, nasceu o Nutris.

Hoje, a creche atende a 92 crianças, até 6 anos de idade, oferecendo a eles ensino pré-escolar, alimentação, atividades psicopedagógicas, além de assistência preventiva à saúde. Os menores permanecem ali de 8 às 17h, numa rotina que inclui café da manhã, brincadeiras ao ar livre, repouso, banho, almoço, lanche, jantar e o ensino da educação infantil. A creche dispõe de salas de aula, brinquedoteca, videoteca, parquinho, pátio ao ar livre e dois refeitórios.

Até 2005, essas crianças, ao completarem 6 anos de idade, desvinculam-se da instituição. Foi aí que surgiu o Nac, para dar continuidade ao trabalho de assistência aos menores. O espaço atende atualmente a 90 crianças e adolescentes, de 6 a 16 anos, no contraturno – período do dia em que não estão na escola regular. No Nac, os meninos e meninas têm a oportunidade de participarem de atividades como oficinas de esporte, de arte circense, de dança e de informática. Principalmente, ali eles têm a oportunidade de se sentirem acolhidos e de criar laços num ambiente saudável e de aprendizagem.

Momento crucial

Os dois espaços, no entanto, vivem um momento crucial. “O Nutris, por meio de convênio com o município, recebe um repasse mensal de R$ 22.063 da Prefeitura. Mas, só com a folha de pagamento, sem contar com as despesas de custeio (como água, luz, mantimentos), as despesas da creche ultrapassam R$ 23 mil”, revela José Carlos Alves, tesoureiro voluntário das instituições e servidor do TJMG. Ao todo, a Nutris conta com 17 funcionários – oito educadores, dois coordenadores, dois cozinheiros e cinco trabalhadores da área administrativa.

“Com poucos recursos, ficamos de mãos atadas. Precisamos de mais educadores, de salas de informática, de equipamentos. Temos espaço para ampliar as instalações, e assim poder receber mais crianças e jovens, mas não temos dinheiro, já que trabalhamos no déficit”, lamenta. Hoje, há 104 crianças aguardando a chance de poderem ser atendidas pelo Nutris – 62 delas, crianças de até três anos de idade.

As contas no Nac também não fecham. Com os nove funcionários, os gastos da folha de pagamento da instituição atingem R$ 9.200 por mês, enquanto o repasse mensal da Prefeitura e do Estado é de R$ 8 mil. “As duas instituições têm conseguido sobreviver graças à contribuição de magistrados e servidores do TJMG, por meio de doações que são descontadas diretamente na folha de pagamento”, explica José Carlos.

A realidade das instituições poderia ser muito diferente, no entanto, não fosse o número de doações tão abaixo do desejado pelas instituições. “Dos cerca de mil magistrados da ativa, somente 167 contribuem com o Nutris e o Nac. Entre juízes e desembargadores aposentados, são apenas 110 colaboradores e, entre os pensionistas, 29. É um número pequeno, que gostaríamos de ver aumentar para que mais crianças possam ser atendidas”, explica o tesoureiro voluntário, acrescentando que atualmente apenas dez servidores doam recursos financeiros para as entidades.

O trabalho desenvolvido ali, no entanto, é de grande relevância para a comunidade, como reitera a presidente do Nutris e do Nac, a juíza aposentada Nilza de Castro Biber Sampaio, que também abraçou a causa como voluntária, a exemplo de todos que ocupam cargos de direção dos espaços. “Sãos crianças e jovens cujas mães trabalham fora e não teriam com quem deixar as crianças. Se os meninos e meninas não tivessem um espaço como o oferecido por essas duas instituições, poderiam estar nas ruas”, observa.

Na avaliação da presidente, a contribuição de mais magistrados poderia transformar positivamente a realidade das instituições. “Com mais recursos, poderíamos melhorar a assistência que damos aos já atendidos”, explica a presidente, revelando que a estrutura física da creche precisa passar por melhorias. “Mais recursos nos permitiriam, também, que atendêssemos mais crianças. Há uma lista delas aguardando uma vaga”, reitera Nilza Sampaio.

Convite aos magistrados

O caminho para ampliar as doações, acredita a vice-presidente das instituições, Teresinha Dupin Lustosa, está numa medida simples. “Bastaria os magistrados gastarem um pouquinho do tempo apertado de que dispõem para conhecer de perto a creche Nutris e o Nac. Se conhecessem as instituições, estou certa de que se sentiriam gratificados de contribuir para com elas”, avalia a juíza aposentada. A magistrada conta que conheceu a creche em um Natal, quando já estava aposentada. “Fiquei muito emocionada diante daqueles meninos e meninas; eu só chorava”, lembra.

Tocada pela realidade que encontrou, a magistrada também aderiu à causa e hoje é vice-presidente voluntária na instituição. “Criança toca nosso coração e precisa de cuidado, mas o que não se conhece, não se ama. É importante ver de perto, in loco, a relevância do trabalho social realizado ali. Por isso, faço um convite aos magistrados: visitam essas instituições, pois sem apoio, nada prospera”, declara a vice-presidente. O desejo da magistrada é que o sonho que possibilitou o surgimento dos dois espaços não morra”.

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