terça-feira, 5 de novembro de 2013

Globalização – Qual o impacto nos escritórios de advocacia?

“Globalização – Qual o impacto nos escritórios de advocacia?
16 de setembro de 2013

 Por Mario Esequiel: Mario Leandro Campos Esequiel é gestor do escritório Mattos Filho Advogados. Economista, MBA em Gestão Estratégica e Econômica de Negócios pela FGV e professor convidado do GVLaw da FGV. É membro fundador do Grupo de Excelência de Administração Legal do CRA SP (Conselho Regional de Administração de São Paulo) e do CEAE (Centro de Estudos de Administração de Escritórios de Advocacia), e coautor do livro Administração Legal para Advogados da série GVLaw.

Com a internacionalização dos mercados, observamos também a internacionalização dos conceitos, referências, exigências e padrões, mesmo que nosso produto ou serviço não seja exportado e nem possível a importação por questões legais ou reserva de mercado, ou seja, não esteja sujeito a uma concorrência internacional.
Isto significa que nossos clientes, mesmo sendo locais, já estão inoculados pela referência e padrão internacional de qualidade, preço e prazo.
Porém existem também os clientes internacionais com interesses e ações locais, para os quais devemos estar preparados para apresentar e expor nosso serviço e, para que possamos fazer isto da melhor maneira possível atingindo e alcançando nosso objetivo (que é vender nosso serviço), é conhecer este mercado global, em particular conhecer um cliente potencial.
A cada prestação de serviço devo estar atento a entregá-lo com a melhor qualidade, menor preço e no menor prazo possível, pois é esta a expectativa do meu cliente e, se não o fizer, o(s) meu(s) concorrente(s) o fará(ão).
Alguns dos serviços jurídicos prestados pelos escritórios de advocacia já são considerados como “commodities”, em que se pressupõe que tal serviço possa ser prestado por diferentes escritórios com qualidade idêntica, ou muito próxima; portanto o diferencial passa a ser prazo de entrega e preço.
Uma das maneiras de se diferenciar em relação aos demais competidores é agregar valor ao serviço prestado. Desde que o cliente enxergue um eventual valor agregado consegue-se praticar um preço diferenciado e, portanto, nos posicionarmos como um prestador diferenciado.
A globalização tem obrigado as instituições a serem cada vez mais competitivas e para disputar o mercado elas precisam se organizar e ganhar economia de escala, o que tem levado a fusões e aquisições, dando maior corpo para as empresas e aumentando seu poder de competitividade.
Em outras situações, isoladas ou somadas às do parágrafo anterior, devemos focar-nos no produto / serviço onde possuímos a real competência – focar no nosso “core business”, terceirizando tudo aquilo que não é de fato “insumo” dos nossos produtos / serviços e fazendo associações com outros competidores que podem ter serviços completares aos nossos, portanto abrindo mão de competir onde não temos “expertise”.
Isto mostra que pode ser interessante fazer fusões entre escritórios que têm experiência em práticas distintas do Direito, ganhando com isto sinergia em processos, administrativos com certeza, mas também em outros processos, e complementaridade da prestação do serviço jurídico. Soma da carteira de clientes com “vendas cruzadas” e aumento do poder de negociação junto a fornecedores.
Em outras situações o resultado acima identificado pode ser obtido pela aquisição de outro(s) escritório(s).
Apesar da prestação do serviço jurídico não ser “internacionalizável”, ou seja, não se pode prestar este serviço em outro país ou vice versa, pode existir, sim, o intercâmbio de experiências de gestão, da forma de prestação de serviço, do modelo societário, enfim de uma série de fatores que podem contribuir para o sucesso do escritório. Desta forma, estar atento ao que se pratica neste ramo de negócio nos quatro cantos do planeta irá ajudar no sucesso do nosso empreendimento.
Uma das áreas onde esta globalização pode ser mais facilmente observada e praticada é na área de T.I. – Tecnologia da Informação, pois podemos adquirir softwares desenhados exclusivamente para atender escritórios de advocacia.
Mesmo não sendo o serviço jurídico “internacionalizável”, existe o ramo do Direito Internacional com atuação em organismos internacionais, como exemplo a OMC – Organização Mundial do Comércio.
Neste caso sim, temos uma concorrência direta com escritórios internacionais, mercado este onde temos atuado com bastante modéstia, mas que pode ser visto como um mercado potencial, pois a globalização irá fazer com que estas disputas fiquem cada vez mais intensas e acirradas, demandando por consequência serviços jurídicos, seja para defesas em litígios seja para elaboração de contratos, além de outras possibilidades.
Um outro campo onde a internacionalização tem uma forte influência competitiva é no campo da arbitragem. Buscando fugir das disputas nas esferas legais (tribunais) extremamente morosas e caras, muitos contratos e acordos contemplam o uso de câmaras de arbitragem para dirimir disputas e controvérsias; portanto, nesta esfera existe a possibilidade de atuação e presença dos escritórios.
É importante ver a internacionalização como vantagem para:
- ampliar mercado, na medida em que novas empresas se instalem no Brasil, novos clientes potenciais surgem; estas novas empresas aumentam o mercado em si que, por efeito multiplicador, ampliará outros mercados.
- Ofertas de novas ferramentas sejam de gestão, de treinamento, novos conceitos, práticas etc..
- Negociações e parcerias internacionais.
- Ganho de escala com o aumento do mercado e competitividade.
- Otimização da capacidade instalada.
- Aprimoramento da qualidade.
- Desenvolvimento e incorporação tecnológica.
- Acesso e troca de experiências nos campos da informação e inteligência.
- Geração de competitividade interna.
É importante também estarmos atentos a alguns riscos como:
- aumento da competitividade;
- aumento das exigências;
- influências macroeconômicas globais;
- exposição internacional.
A internacionalização das relações está aí, como tirar proveito ao invés de ficar refém

Mario Leandro Campos Esequiel é gestor do escritório Mattos Filho Advogados. Economista, MBA em Gestão Estratégica e Econômica de Negócios pela FGV e professor convidado do GVLaw da FGV. É membro fundador do Grupo de Excelência de Administração Legal do CRA SP (Conselho Regional de Administração de São Paulo) e do CEAE (Centro de Estudos de Administração de Escritórios de Advocacia), e coautor do livro Administração Legal para Advogados da série GVLaw.

Nenhum comentário:

Postar um comentário

Qualquer sugestão ou solicitação a respeito dos temas propostos, favor enviá-los. Grata!