“'Phishing': Desemprego está a transformar vítimas em cúmplices
O desemprego e o desespero em resultado da crise estão a consolidar uma
forma de fraude informática que desde 2009 registtou um ‘boom’ em Portugal,
disse à Lusa um responsável pela investigação criminal da Polícia Judiciária.
A fraude chama-se ‘phishing’ e consiste em obter
dados pessoais sobretudo para aceder a contas bancárias e fazer branqueamento
de dinheiro.
“Podemos identificar um ‘boom’ de situações de
‘phishing’ entre 2009 e 2011”, admitiu o responsável pela Secção Central de
Investigação da Criminalidade de Alta Tecnologia (SCICAT) da PJ, Carlos
Cabreiro.
Só no ano passado, o aumento registado deste tipo
de crime ascendeu aos 20% em relação a 2011, referiu, adiantando que apenas na
área de Lisboa houve 800 inquéritos que representam um prejuízo de quase um
milhão de euros.
A ‘pesca’ de dados pessoais é feita, em muitos
casos, através de ofertas de emprego a que as pessoas respondem dando dados
pessoais.
“É um dos ‘modus operandis’ que existe e baseia-se
na mensagem ilusória de [oferta de] emprego, levando as pessoas a fornecer
dados pessoais que não deviam ser, em nenhum momento, fornecidos a terceiros”,
explicou Carlos Cabreira.
“As pessoas são usadas para se disponibilizarem a
receber fundos e a participarem na execução do crime”, explicou, alertando para
a inexistência de “lucro fácil”.
Uma outra fonte policial, que preferiu não ser
identificada, contou à Lusa que os emails com ofertas de trabalho são enviados
normalmente em inglês e pedem, em troca, dados pessoais e o número de
identificação bancária.
“As pessoas querem trabalhar, estão desesperadas,
dão o NIB, mandam cópias dos Bilhetes de Identidade e outros dados e acabam,
muitas vezes, por transformar-se em ‘mulas’”, disse o investigador, explicando
que as ‘mulas’ é um termo para nomear quem recebe nas suas contas o dinheiro
depositado pelos piratas e depois o transferem, normalmente através da Western
Union.
E se, na maior parte dos casos, estas ‘mulas’ estão
conscientes do crime, actualmente cresce o número de pessoas que não sabem que
estão a contribuir para este esquema, refere a mesma fonte.
“Há muitas situações em que as pessoas não fazem a
mínima ideia do que estão a fazer e é por isso que são consideradas apenas como
vítimas e testemunhas”, disse, explicando que recebem emails dos supostos
empregadores a informá-las que vão receber, por exemplo, 10 mil euros nas suas
contas.
“Dizem-lhes para levantar esse dinheiro e mandar
para uma morada, em nome de pessoas como Erica Gorbatchev ou outros
inacreditáveis”, contou.
Os piratas informáticos que operam em Portugal
provêm sobretudo de duas regiões do mundo, afirmou Carlos Cabreiro: o Brasil,
para aproveitar a facilidade da língua, e os países da Europa de Leste e
Rússia, para onde são transferidos os fundos”.
Lusa/SOL
http://sol.sapo.pt/inicio/Sociedade/Interior.aspx?content_id=67520.
Acesso: 5/11/13

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