Confrontos entre Exército do Egito e partidários de Morsi deixam 42 mortos
“Confrontos
entre Exército do Egito e partidários de Morsi deixam 42 mortos
Por iG
São Paulo | 08/07/2013
08:41 - Atualizada às 08/07/2013
Irmandade Muçulmana convoca rebelião contra Exército, que diz ter agido
em resposta à ação de 'terroristas'
Um
incidente com disparos deixou ao menos 42 mortos nesta segunda-feira no Cairo,
em meio a uma crise política depois da deposição do presidente islamita
Mohammed Morsi . De acordo com autoridades e testemunhas, os
disparos foram efetuados por soldados e policiais que fazem a guarda de
um quartel onde partidários de Morsi protestavam por acreditar que ele
está detido no local. Em resposta à carnificina, a Irmandade Muçulmana, de
Morsi, convocou uma rebelião completa contra o Exército.
AP
Homem mostra camiseta ensanguentada
de partidário do presidente deposto Mohammed Morsi do lado de fora de hospital
no Cairo
As Forças
Armadas, porém, afirmaram que um "grupo terrorista" tentou invadir o
quartel. Morsi, o primeiro presidente eleito em
eleições livres no Egito , foi deposto na quarta-feira em meio
a protestos em massa. Várias pessoas foram mortas desde que os tumultos
começaram, no fim do mês passado.
Muitos
dos que apoiam Morsi acreditam que ele esteja detido no Clube da Guarda
Presidencial, no distrio de Nars City, a leste da capital. Seus partidários -
muitos dos quais pertencem á Irmandade Muçulmana - estavam acampados no local.
Eles dizem que o Exército realizou um golpe e que Morsi é
seu presidente legítimo.
Depois da
violência da manhã desta segunda-feira, o partido linha dura salafista Nour -
que havia apoiado a queda de Morsi - disse que se retirava das negociações para escolher um primeiro-ministro
interino , descrevendo o incidente como um
"massacre".
Mesmo antes de todos os corpos
serem contados, no dia com mais mortes desde o início da crise, houve relatos
conflitantes sobre como a violência começou - com os partidários de Morsi dizendo
que foi um ataque lançado sem provocação, enquanto o Exército afirmava terem
sido agredidos primeiramente.
Mas a
violência certamente dividirá ainda mais a Irmandade Muçulmana de seus
oponentes, que alegam que Morsi manchou sua vitória eleitoral e traiu o
espírito democrático da revolução da Primavera Árabe , em que Hosni Mubarak
foi deposto em 2011 , ao
apenas privilegiar seus aliados. O Exército, que efetivamente tem o apoio do
movimento anti-Morsi, agora enfrenta pressões para impor rígidas medidas de
segurança para evitar que o conflito saia do controle.
Sucessão: Presidente interino do Egito assume
após Exército depor Morsi
Poucas
horas depois do ataque a tiros, o braço político da Irmandade Muçulmana conclamou
todos os egípcios a se levantar contra o Exército, que acusou de empurrar o
país para se tornar "uma nova Síria" - um referência à guerra civil
que deixou mais de 93 mil mortos desde
março de 2011.
Um porta-voz militar disse que
atiradores tentaram invadir o prédio antes no amanhecer, desatando os
confrontos. A estudante universitária Mirna el-Helbawi relatou que atiradores
leais a Morsi abriram fogo primeiro, incluindo a partir do telhado de uma
mesquita vizinha. El-Helbawi, 21, vive em um apartamento em que tem uma visão
do local.
AP
Médico egípcio partidário de
presidente deposto Mohammed Morsi é visto em hospital em Nassr City, Cairo
(8/7)
Partidários de Morsi, porém,
disseram que as forças dispararam contra centenas de manifestantes, incluindo
mulheres e crianças, que estavam em um acampamento do lado de fora do local.
Saiba
mais: Veja o especial do iG sobre a
Primavera Árabe
Qualquer que seja o desencadeador
da violência, a escalada do caos complicará ainda mais as relações do Egito com
Washington e outros aliados ocidentais, que agora reavaliam suas políticas em
relação ao grupo apoiado pelo Exército que forçou a saída de Morsi.
*Com AP e BBC
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