Brasil: “país do futebol”

"Brasil: “país do futebol”


Se considerarmos o Brasil como país do futebol, como a mídia
propaga aos quatros cantos, a primeira vista ficamos todos engrandecidos e
envaidecidos, afinal em alguma coisa os estrangeiros nos consideram os
melhores, afinal o Brasil é vencedor de diversas Copas do Mundo. Mas será
mesmo isto uma grande glória, como parece, será isto tão importante para nossos
jovens em formação e para o nosso povo de um modo geral, a princípio sim, pois
o esporte é uma atividade saudável sob todos os aspectos, além de promover uma
integração entre todos os envolvidos, elevando o nível geral da nação e
proporcionando uma melhora no otimismo de toda coletividade.
Porém, se formos ver de um outro ângulo, ser o país do futebol da
forma como é enfocado, ou seja, apenas para atender os interesses financeiros de
uma minoria de empresários envolvidos e preocupados apenas com o lucro a
qualquer custo, ser o país do futebol torna-se negativo e danoso para a sociedade.
Na Roma Antiga, dizia-se que o povo deveria ser tratado a pão e
circo, visando distraí-los dos problemas maiores do Império, nos dias modernos
temos, por exemplo, os eternos planos tipo Fome Zero, Bolsa Família, e o circo
do futebol, usado para desviar a atenção de tudo que aí está, a corrupção, a
política, a falta de segurança, a lastimável educação, e o caos na saúde, etc., etc.
A mídia a serviço de interesses maiores, propicia um idiotismo
generalizado da população, fazendo com que o esporte torne-se verdadeiramente
apenas uma forma de acelerar o consumismo inútil, além de forçar uma
paralisação geral do comércio, dos bancos, das indústrias, das escolas em dias de
jogos da Copa do Mundo, aumentando com isso o prejuízo de todas as
atividades, já sobrecarregadas pela enorme carga tributária existente em nosso
país.
Outro aspecto a ser considerado é a enorme inversão de valores,
embutido neste processo, ou seja, jogadores, não tirando os seus méritos como
atletas, ganhando verdadeiras fortunas, enquanto cientistas, professores e muitas
outras profissões de alto valor, sendo remuneradas miseravelmente,
desestimulando o verdadeiro e necessário crescimento sócio econômico do país
como um todo.
Dentro destas considerações, acredito, ser o Brasil o país do
futebol, não é o melhor dos títulos que possamos almejar, gostaríamos sim de ter
um bom futebol como atividade esportiva, porém, longe do comércio que o
mesmo foi transformado, a serviço do marketing que hipnotiza as mentes de toda
a população, e do lucro a qualquer custo, não nos permitindo desfrutar do que
apenas deveria ser uma atividade saudável e educativa que pudesse melhorar e
engrandecer o nosso povo e servir de exemplo para as gerações futuras".

 José Augusto C. Filippo, Mestre em
 Direito, Pós Graduação em Direito
 Público, com formação em Marketing
 pela ESPM e FGV/SP.

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