Equipamento da Petrobras preso no Porto do Rio gera prejuízo de R$ 1,5 bilhão
“Equipamento da Petrobras preso no Porto do Rio gera prejuízo
de R$ 1,5 bilhão
Por Wanderley Preite Sobrinho - iG São Paulo | 05/12/2013
15:00
Estatal paga R$ 13,4 milhões no aluguel de um espaço no
porto para guardar 14 reatores, que, de tão pesados, não podem ser transportados
pelas ruas da capital fluminense
Vista aérea do Complexo Petroquímico de Itaboraí (Comperj),
na Região Metropolitana do Rio
Menina dos olhos da Petrobras, o Complexo Petroquímico de
Itaboraí (Comperj), na Região Metropolitana do Rio, deveria refinar 165 mil
barris de petróleo por dia desde setembro último, quando sua inauguração estava
prevista. Mas os consecutivos atrasos nas obras e mudanças no projeto original
dispararam o valor da construção e empurraram o início de seu funcionamento
para agosto de 2016. A contabilidade do último prejuízo acaba de ser concluída
pelo Tribunal de Contas da União (TCU): R$ 1,5 bilhão.
De acordo com os fiscais, o rombo é resultado das medidas
que a estatal precisou tomar para prosseguir com as obras que dependiam de 14
reatores importados da Itália ao custo de R$ 316,8 milhões, mas que estão
parados no Porto do Rio de Janeiro desde agosto de 2011. Quatro desses
equipamentos medem 40 metros de comprimento e pesam 1,1 mil toneladas cada, o
que torna impossível seu transporte pelas vias da cidade ou pela ponte
Rio-Niterói.
Reatores medem 40 metros de comprimento por 12 de diâmetro e
pesam 1,1 mil toneladas cada
“Foi constatado que a Companhia iniciou a construção de
algumas das obras do Comperj sem se assegurar de que esses equipamentos de
grande porte efetivamente estariam disponíveis no prazo previsto”, diz o
acórdão do TCU. “Com isso, evidenciou-se que as falhas na gestão das obras
implicaram aumento dos custos de mais de R$ 1,5 bilhão, além de atrasar,
sobremaneira, a entrada em operação do Complexo.”
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Apenas para manter os reatores no Porto do Rio, a Petrobras
vai desembolsar R$ 13,4 milhões em aluguéis. A primeira solução apresentada
pela estatal para resolver o imbróglio foi transportar os reatores pelo rio
Guaxindiba, mas o Instituto Chico Mendes, autarquia ligada ao Ministério do
Meio Ambiente, vetou a ideia por se tratar de uma área de proteção ambiental.
A solução mais cara e demorada foi então adotada. Será
necessário construir um píer (uma espécie de passarela sobre a água), um canal
de navegação, um pátio com área útil de 5.500 m2 e duas estradas, uma de 18
quilômetros, orçada em R$ 190 milhões, e outra de oito quilômetros, ao custo de
R$ 244 milhões - sempre de acordo com o TCU, já que a Petrobras mantém sigilo
sobre essas informações.
Caminho onde será construída uma via para transportar
equipamentos pesados parados há dois anos no Porto do Rio
As principais desapropriações e licenças ambientais já foram
providenciadas. A expectativa é que os equipamentos estejam de pé em outubro do
ano que vem, quando, depois de transportar os reatores, serão repassados para a
administração de São Gonçalo e Itaboraí, cidades cortadas pelas estradas.
“A auditoria entendeu que esse descompasso originou-se da
atitude temerária dos gestores da Petrobras em assumir o risco desarrazoado de
dar partida nas obras sem garantias mínimas de que a infraestrutura logística
necessária ao transporte dos equipamentos seriam concluídas a tempo”, reitera o
acórdão. “Havia informações e dados que já apontavam para a ocorrência de
atraso na conclusão das obras de infraestrutura”, conclui o texto encaminhado
para a Comissão Mista de Infraestrutura do Congresso, a quem cabe decidir se
pune com multa a estatal, que ainda pode recorrer.
Questionada pela reportagem, a Petrobras diz que não comenta
o assunto”.
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