O
Colégio de Presidentes de seccionais da OAB, reunido de forma
extraordinária nesta sexta-feira (29), na sede da OAB carioca, decidiu
de forma unânime pela busca junto ao Conselho Nacional de Justiça (CNJ)
pela manutenção do peticionamento em papel, de forma concomitante ao
Processo Judicial eletrônico (PJe).
O
tema foi abordado pelo vice-presidente nacional da OAB Nacional,
Claudio Lamachia que é, também, coordenador nacional do Fórum Permanente
de Discussão do Processo Judicial Eletrônico do Conselho Federal da
OAB.
Lamachia
apresentou aos presidentes o resultado do levantamento com os 20
maiores problemas do PJe no país, conforme estudo realizado pelos
presidentes das comissões de tecnologia da informação das seccionais.
Dentre
os principais entraves, Lamachia destacou a ausência de banda larga “em
milhares de comarcas de sul a norte, além da conhecida falta de
estrutura de energia elétrica, que causa inúmeros apagões,
impossibilitando o pleno exercício da profissão”.
Outro
ponto fundamental, conforme o vice-presidente, é a “falta de
acessibilidade plena do sistema, que acaba tornando impossível a sua
utilização por parte dos advogados cegos, além da sua inconformidade com
o Estatuto do Idoso, público que também enfrenta grande dificuldade com
a usabilidade dos programas em utilização no judiciário brasileiro”.
Os
pontos demonstrados por Lamachia receberam a confirmação do presidente
da Comissão Especial de Direito da Tecnologia e Informação da OAB
Nacional, Luiz Cláudio Silva Alleand, que fez um balanço da atuação da
comissão ao longo de 2013, apontando os avanços e, principalmente, os
problemas que seguem atingindo a advocacia brasileira.
“Por
mais que façamos treinamentos para a inclusão digital dos advogados, os
problemas técnicos do PJe, e a dificuldade de fazer com que eles sejam
solucionados, são maiores. Não temos um sistema de processo eletrônico
que seja plenamente seguro, e os fatos ocorridos no Rio de Janeiro nos
últimos meses são exemplos claros disso”, destacou Allemand.
O
presidente nacional da entidade, Marcus Vinicius Furtado Coêlho,
destacou que o tema é tratado como prioridade entre a diretoria da
Ordem, e que a mobilização da classe é fundamental para que se consiga
garantir a necessária segurança para a efetivação da justiça.
“Não
podemos aceitar que a defesa da sociedade corra o risco de não ser
realizada em razão da falta de estrutura do próprio Estado. Não somos
contra os avanços promovidos pelo processo eletrônico, mas está
comprovado que o sistema vem sendo instalado de maneira açodada, sem
considerar as necessárias condições técnicas e os aspectos humanos
envolvidos na transição”, destacou Marcus Vinicius.
O
dirigente ressaltou que a advocacia brasileira precisa, por razões de
segurança jurídica, que ao menos o peticionamento em papel seja
possível, de maneira concomitante, ao processo eletrônico.
A
Ordem iniciará nos próximos dias a coletar assinaturas junto a
advocacia brasileira, ao Ministério Público e a magistratura, em apoio à
manutenção do peticionamento em papel, de forma concomitante ao
eletrônico. Os presidentes de seccionais programam manifestações nos
estados em prol da iniciativa. A entidade irá buscar, também, medidas
para obrigar a aceleração no desenvolvimento das telecomunicações, de
forma a não deixar que advogados de localidades menos estruturadas,
fiquem alijados da atuação profissional e, consequentemente, a sociedade
desassistida.
Fonte: Ordem dos Advogados do Brasil
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