Não incide contribuição previdenciária sobre funções comissionadas e cargos em comissão
O
TRF da 1.ª Região ratificou o entendimento de que não incide
contribuição previdenciária sobre retribuição pelo exercício de função
de direção, chefia e assessoramento. A decisão unânime foi da 8.ª Turma
do Tribunal ao examinar apelações interpostas pelo Sindicato dos
Trabalhadores do Poder Judiciário e do Ministério Público da União no
Distrito Federal (Sindjus/DF) e pela Fazenda Nacional contra sentença
que julgou parcialmente procedente pedido dos representados pelo
Sindicato para que a Fazenda Nacional pare de descontar a referida
contribuição.
O
Sindicato sustentou que a devolução de valores deve ser realizada a
partir da Medida Provisória 1.595-14, de 10/11/1997, quando foi extinta a
incorporação dos valores recebidos por desempenho das funções, antes
prevista na Lei 8.911/1994. Já a Fazenda Nacional alegou que a
retribuição percebida a título de função comissionada (FC) integra a
remuneração e, como tal, sofre a incidência da contribuição
previdenciária.
Segundo
a relatora do processo, desembargadora federal Maria do Carmo Cardoso, a
matéria já foi muito debatida nos tribunais, sendo pacífico o
entendimento jurisprudencial de que não incide contribuição
previdenciária sobre FC ou cargo em comissão, uma vez que tais parcelas
não se incorporam aos proventos de aposentadoria. “Somente as parcelas
incorporáveis ao salário do servidor sofrem a incidência da
contribuição”. A relatora citou precedente do Supremo Tribunal Federal
(STF, AI 603537 AgR/DF, 2ª Turma, relator ministro Eros Grau, DJ de
30/3/2007, p. 92 — sem grifo no original).
A
magistrada também destacou jurisprudência do TRF da 1.ª Região firmada
no sentido de que, a partir da edição da Lei n. 9.783/99, não é devida
pelo servidor público contribuição previdenciária sobre a verba recebida
a título de FC (0021577-15.2004.4.01.3400, AC 2004.34.00.021632-8/DF,
rel. desembargador federal Luciano Tolentino Amaral, Sétima Turma,
e-DJF1 de 3/5/2013, p. 316).
Quanto
ao período a ser considerado para restituição dos valores já
descontados, Maria do Carmo Cardoso esclareceu que, para a não
incidência, a incorporação das gratificações pelo exercício de FC e
cargos em comissão às remunerações, para fins de cálculo de
aposentadoria, era prevista pelo art. 62, § 2.º da Lei 8.112/90 e pelo
art. 3.º da Lei 8.911/97. No entanto, a Lei 9.527/97 alterou a redação
destas normas e revogou o art. 3.º da Lei 8.911, que previa a
incorporação do equivalente a 1/5 da gratificação pela FC ou cargo em
comissão a cada 12 meses. “Assim, a partir da edição da Lei 9.527, as
gratificações deixaram de ser incorporadas à remuneração dos servidores,
para fins de cálculos de aposentadoria e, portanto, a restituição do
indébito em questão é a partir da legislação que deixou de prever a
incorporação”, concluiu.
Com tal fundamentação, a relatora deu provimento à apelação do Sindjus/DF e negou provimento ao recurso da Fazenda Nacional.
Nº do Processo: 0013839-44.2002.4.01.3400
Fonte: Tribunal Regional Federal da 1ª Região
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