O direito ambiental alemão
O direito ambiental alemão
"A tríade de Princípios Ambientais
O direito ambiental alemão é orientado
por três princípios básicos, quais sejam:Vorsorgeprinzip (princípio
da prevenção), Verursacherprinzip (princípio
do poluidor-pagador) eKooperationsprinzip (princípio
da cooperação).
Estes três princípios têm origem no
Programa Ambiental de 1971 (Umweltprogramm) e no
Relatório Ambiental de 1976 (Umweltbericht) do
governo alemão, assim como se encontram expressamente arrolados também no
artigo 34 do Contrato de Unificação celebrado entre a República Federal da
Alemanha e a extinta República Democrática da Alemanha (DDR) –Einigungsvertrag – EinigVtr. [1]
Peter-Christoph Storm destaca que esta
tríade de princípios (Prinzipientrias) responde a três
perguntas fundamentais: (1) O que deve ser feito? Eliminar ao máximo os danos
ambientais e suas fontes de risco; (2) Quem arca com os custos? Aqueles que
poluem; (3) Como se deve agir? Através da cooperação entre sociedade e Estado.[2]
Conforme afirma Reiner Schmidt, além
desta tríade de princípios fundamentais, existem também outros princípios
político-ambientais, os quais constituem concretizações ou exceções aos três
princípios anteriormente mencionados.[3]
Entre estes outros princípios, podemos
destacar principalmente o Nachhaltigkeitsprinzip(princípio
da sustentabilidade) e Integrationsprinzip (princípio
da integração), os quais serão abordados em publicação específica.
Ainda que Michael Kloepfer praticamente
eleve o princípio da integração ao patamar da tríade principal em dois de seus
livros (Umweltrecht[4] e Umweltschutzrecht[5]), bem como
Reiner Schmidt e Wolfgang Kahl ressaltem que o princípio da sustentabilidade
representa o modelo da política ambiental moderna juntamente com o princípio da
preservação[6], como dito, osprincípios mais importantes do direito alemão são os três
destacados nesta publicação:Vorsorge-, Verursacher- e Kooperationsprinzip.
Vorsorgeprinzip (princípio
da prevenção)
Michael Kloepfer salienta que o Vorsorgeprinzip é de longe o
princípio mais importante no que tange à proteção ambiental.[7]
De acordo com este princípio, a
formação de perigos e danos ambientais deve ser evitada ao máximo possível.[8] O princípio da prevenção
não exige a total inexistência de desgaste ao meio ambiente, mas sim, que a sua
exploração se dê da forma menos danosa que se possa alcançar. Em outras
palavras, os recursos naturais e o espaço vital podem ser explorados pelo
homem, mas da forma mais cuidadosa, procurando-se sempre assegurar que eles
possam ser utilizados pelas próximas gerações.
Este princípio foi incorporado, por
exemplo, no §1 da Lei de Controle de Emissões (Bundes-Immissionsschutzgesetz - BimSchG[9]) e §1 da Lei de Recursos
Hídricos (Wasserhaushaltsgesetz –WHG). [10]
Verursacherprinzip (princípio
do poluidor-pagador)
Consoante o Verursacherprinzip, aquele que, através de seu
comportamento, der causa aos riscos, perigos, poluições e danos ambientais,
deve responsabilizar-se por estes[11]. Como bem sintetiza
Peter-Christoph Storm: Quem polui, paga![12]
Wilfried Erbguth e Sabine Schlacke
salientam que o Verursacherprinzip fundamenta-se
sobre a premissa básica de que o meio ambiente não pode mais ser tratado como
um bem livremente disponível sem que haja sanção para aqueles que o deteriorem.[13]
Exemplos da concretização deste
princípio são o §13 da Lei de Proteção à Natureza (Bundesnaturschutzgesetz –
BNatSchG) [14] e §6 da Lei de
Responsabilidade Ambiental (Umwelthaftungsgesetz – UmweltHG)[15]
Kooperationsprinzip (princípio
da cooperação)
Diferentemente do Verursacherprinzip e do Vorsorgeprinzip, este terceiro princípio não é de
natureza material, e sim formal; utilizando as palavras de Peter-Cristoph Storm
“formal organizacional” (formell-organizatorische Natur).[16] De acordo com o Kooperationsprinzip, a proteção ambiental não cabe tão
somente ao Estado, mas também à sociedade, ou seja, cidadãos, organizações
ambientais, empresas e etc.
Em outras palavras, a proteção ambiental exige a
cooperação entre Estado e sociedade.
Exemplo de aplicação prática deste
princípio é o fato de que, de acordo com o porte e atividade da empresa,
diversas leis alemãs exigem que as empresas nomeiem um responsável pelo meio
ambiente (Beauftragter). Entre estas, a Lei de Recursos Hídricos
dispõe que as empresas que despejam mais de 750m3 de águas
residuais por dia devem nomear umGewässerschutzbeauftragter[17], assim como a Lei de Controle de Emissões também
exige a nomeação de um Immissionsschutzbeauftragter para
determinadas atividades.[18]
[1] EinigVtr. Art 34
Umweltschutz.(1) Ausgehend von der in Artikel 16 des Vertrags vom 18. Mai 1990
in Verbindung mit dem Umweltrahmengesetz der Deutschen Demokratischen Republik
vom 29. Juni 1990 (GBl. I Nr. 42 S. 649) begründeten deutschen Umweltunion ist es
Aufgabe der Gesetzgeber, die natürlichen Lebensgrundlagen des Menschen unter
Beachtung des Vorsorge-, Verursacher- und
Kooperationsprinzips zu schützen und die Einheitlichkeit der
ökologischen Lebensverhältnisse auf hohem, mindestens jedoch dem in der Bundesrepublik
Deutschland erreichten Niveau zu fördern.(2) Zur Förderung des in Absatz 1
genannten Ziels sind im Rahmen der grundgesetzlichen Zuständigkeitsregelungen
ökologische Sanierungs- und Entwicklungsprogramme für das in Artikel 3 genannte
Gebiet aufzustellen. Vorrangig sind Maßnahmen zur Abwehr von Gefahren für die
Gesundheit der Bevölkerung vorzusehen.
[2] STORM, Peter-Christoph. Umweltrecht. Einführung. 9. Aufl. Berlin:
Erich Schmidt Verlag, 2010. S.20.
[3] SCHMIDT, Reiner.
Einführung in das Umweltrecht. 5. Aufl. München: C.H. Beck’sche
Verlagsbuchhandlung, 1999.S. 3.
[4] KLOEPFER, Michael. Umwelrecht. 3. Aufl.München: C.H. Beck, 2004. S.
168.
[5] KLOEPFER, Michael. Umweltschutzrecht. 2. Aufl. München: C.H.Beck,
2003. S. 61.
[6] SCHMIDT, Reiner; KAHL,
Wolfgang. Umweltrecht. 8. Aufl. München
C.H.Beck, 2010. S. 11.
[7] KLOEPFER, Michael. Umweltschutzrecht. 2. Aufl. München: C.H.Beck,
2003. S. 60.
[8]ERBGUTH, Wilfried; SCHLACKE,
Sabine. Umweltrecht. 2. Aufl. Nomos: 2008. S.49.
[9] BImSchG. §1. § 1 Zweck
des Gesetzes
(1)
Zweck dieses Gesetzes ist es, Menschen, Tiere und Pflanzen, den Boden, das
Wasser, die Atmosphäre sowie Kultur- und sonstige Sachgüter vor schädlichen
Umwelteinwirkungen zu schützen und dem Entstehen schädlicher Umwelteinwirkungen
vorzubeugen.
(2)
Soweit es sich um genehmigungsbedürftige Anlagen handelt, dient dieses Gesetz
auch
-
der
integrierten Vermeidung und Verminderung schädlicher Umwelteinwirkungen durch
Emissionen in Luft, Wasser und Boden unter Einbeziehung der Abfallwirtschaft,
um ein hohes Schutzniveau für die Umwelt insgesamt zu erreichen, sowie
-
dem
Schutz und der Vorsorge gegen Gefahren, erhebliche Nachteile und erhebliche
Belästigungen, die auf andere Weise herbeigeführt werden.
[10] WHG. § 1 Zweck. Zweck
dieses Gesetzes ist es, durch eine nachhaltige Gewässerbewirtschaftung die
Gewässer als Bestandteil des Naturhaushalts, als Lebensgrundlage des Menschen,
als Lebensraum für Tiere und Pflanzen sowie als nutzbares Gut zu schützen.
[11]SPARWASSER, Reinhard; ENGEL,
Rüdiger; VOßKUHLE, Andreas. Umweltrecht. 5.
Aufl. Heidelberg: C.F. Müller. S. 76 e SCHWARTMANN, Rolf; PABST, Heinz-Joachim. Umweltrecht. 2. Aufl. C.F. Müller.S. 16.
[12] STORM, Peter-Christoph. Umweltrecht. Einführung. 9. Aufl. Berlin:
Erich Schmidt Verlag, 2010. S.24.
[13] ERBGUTH, Wilfried;
SCHLACKE, Sabine. Umweltrecht. 2. Aufl. Nomos: 2008.
S.58.
[14] BNatSchG. § 13.
Erhebliche Beeinträchtigungen von Natur und Landschaft sind vom Verursacher
vorrangig zu vermeiden. Nicht vermeidbare erhebliche Beeinträchtigungen sind
durch Ausgleichs- oder Ersatzmaßnahmen oder, soweit dies nicht möglich ist,
durch einen Ersatz in Geld zu kompensieren.
[15] UmweltHG.§6(1). (1) Ist
eine Anlage nach den Gegebenheiten des Einzelfalles geeignet, den entstandenen
Schaden zu verursachen, so wird vermutet, daß der Schaden durch diese Anlage
verursacht ist. Die Eignung im Einzelfall beurteilt sich nach dem
Betriebsablauf, den verwendeten Einrichtungen, der Art und Konzentration der
eingesetzten und freigesetzten Stoffe, den meteorologischen Gegebenheiten, nach
Zeit und Ort des Schadenseintritts und nach dem Schadensbild sowie allen
sonstigen Gegebenheiten, die im Einzelfall für oder gegen die
Schadensverursachung sprechen.
[16] STORM, Peter-Christoph. Umweltrecht. Einführung. 9. Aufl. Berlin:
Erich Schmidt Verlag, 2010. S.25.
[17] WHG. § 64 (1)
Bestellung von Gewässerschutzbeauftragten.
(1)
Gewässerbenutzer, die an einem Tag mehr als 750 Kubikmeter Abwasser einleiten
dürfen, haben unverzüglich einen oder mehrere Betriebsbeauftragte für
Gewässerschutz (Gewässerschutzbeauftragte) zu bestellen.
[18] BImSchG. § 53
Bestellung eines Betriebsbeauftragten für Immissionsschutz
(1) Betreiber genehmigungsbedürftiger Anlagen haben einen oder mehrere Betriebsbeauftragte für Immissionsschutz (Immissionsschutzbeauftragte) zu bestellen, sofern dies im Hinblick auf die Art oder die Größe der Anlagen wegen der1.von den Anlagen ausgehenden Emissionen,2.technischen Probleme der Emissionsbegrenzung oder3.Eignung der Erzeugnisse, bei bestimmungsgemäßer Verwendung schädliche Umwelteinwirkungen durch Luftverunreinigungen, Geräusche oder Erschütterungen hervorzurufen,erforderlich ist. Das Bundesministerium für Umwelt, Naturschutz und Reaktorsicherheit bestimmt nach Anhörung der beteiligten Kreise (§ 51) durch Rechtsverordnung mit Zustimmung des Bundesrates die genehmigungsbedürftigen Anlagen, deren Betreiber Immissionsschutzbeauftragte zu bestellen haben.(2) Die zuständige Behörde kann anordnen, dass Betreiber genehmigungsbedürftiger Anlagen, für die die Bestellung eines Immissionsschutzbeauftragten nicht durch Rechtsverordnung vorgeschrieben ist, sowie Betreiber nicht genehmigungsbedürftiger Anlagen einen oder mehrere Immissionsschutzbeauftragte zu bestellen haben, soweit sich im Einzelfall die Notwendigkeit der Bestellung aus den in Absatz 1 Satz 1 genannten Gesichtspunkten ergibt”.
(1) Betreiber genehmigungsbedürftiger Anlagen haben einen oder mehrere Betriebsbeauftragte für Immissionsschutz (Immissionsschutzbeauftragte) zu bestellen, sofern dies im Hinblick auf die Art oder die Größe der Anlagen wegen der1.von den Anlagen ausgehenden Emissionen,2.technischen Probleme der Emissionsbegrenzung oder3.Eignung der Erzeugnisse, bei bestimmungsgemäßer Verwendung schädliche Umwelteinwirkungen durch Luftverunreinigungen, Geräusche oder Erschütterungen hervorzurufen,erforderlich ist. Das Bundesministerium für Umwelt, Naturschutz und Reaktorsicherheit bestimmt nach Anhörung der beteiligten Kreise (§ 51) durch Rechtsverordnung mit Zustimmung des Bundesrates die genehmigungsbedürftigen Anlagen, deren Betreiber Immissionsschutzbeauftragte zu bestellen haben.(2) Die zuständige Behörde kann anordnen, dass Betreiber genehmigungsbedürftiger Anlagen, für die die Bestellung eines Immissionsschutzbeauftragten nicht durch Rechtsverordnung vorgeschrieben ist, sowie Betreiber nicht genehmigungsbedürftiger Anlagen einen oder mehrere Immissionsschutzbeauftragte zu bestellen haben, soweit sich im Einzelfall die Notwendigkeit der Bestellung aus den in Absatz 1 Satz 1 genannten Gesichtspunkten ergibt”.
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