domingo, 18 de maio de 2014

DIREITO E TEOLOGIA. PIERRO CALAMANDREI.

Pode ser que o ofício de advogado requeira mais engenho e mais fantasias do que do juiz: encontrar os argumentos, que é tarefa do advogado, é tecnicamente mais árduo do que escolher, como faz o juiz, entre os já encontrados entre os defensores. Mas que angústia de responsabilidade moral nessa escolha! O advogado, quando aceita a defesa de uma causa, tem seu caminho traçado, pode ficar sereno como o soldado na trincheira, ao qual a seteira indica em que direção deve atirar. Mas o juiz, antes de se decidir, necessita de uma força de caráter que pode até faltar ao advogado; precisar ter a coragem de exercer a função de julgar, que é quase divina, apesar de sentir dentro de si todas as fraquezas e, talvez, todas as baixezas do homem; deve saber intimar o silêncio a uma voz irrequieta que lhe pergunta o que teria feito sua fragilidade humana, se ele viesse nas mesmas condições em que se encontrou o réu; deve estar tão seguro do seu dever que esqueça, cada vez que pronuncia a sentença, a admoestação eterna que lhe vem da Montanha: Não julgarás”.(p.51/52)

Calamandrei, Pierro
Eles, os juízes, vistos por um advogado/ Pierro Calamandrei;( Tradução Eduardo Brandão) – São Paulo: Martins Fontes, 1995.
Título original: Elogio dei giudici scritto a um avvocacato.INBN 85-336-0401-7
1 Advogados – Itália 2 Juízes – Itália 3 Justiça I Título. 95-1842

CDU – 347.96(450)

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