“Pode ser que o ofício de advogado requeira mais engenho e
mais fantasias do que do juiz: encontrar os argumentos, que é tarefa do
advogado, é tecnicamente mais árduo do que escolher, como faz o juiz, entre os
já encontrados entre os defensores. Mas que angústia de responsabilidade moral
nessa escolha! O advogado, quando aceita a defesa de uma causa, tem seu caminho
traçado, pode ficar sereno como o soldado na trincheira, ao qual a seteira
indica em que direção deve atirar. Mas o juiz, antes de se decidir, necessita
de uma força de caráter que pode até faltar ao advogado; precisar ter a coragem
de exercer a função de julgar, que é quase divina, apesar de sentir dentro de
si todas as fraquezas e, talvez, todas as baixezas do homem; deve saber intimar
o silêncio a uma voz irrequieta que lhe pergunta o que teria feito sua
fragilidade humana, se ele viesse nas mesmas condições em que se encontrou o
réu; deve estar tão seguro do seu dever que esqueça, cada vez que pronuncia a
sentença, a admoestação eterna que lhe vem da Montanha: Não julgarás”.(p.51/52)
Calamandrei, Pierro
Eles, os juízes, vistos por um
advogado/ Pierro Calamandrei;( Tradução Eduardo Brandão) – São Paulo: Martins
Fontes, 1995.
Título original: Elogio dei
giudici scritto a um avvocacato.INBN 85-336-0401-7
1 Advogados – Itália 2 Juízes –
Itália 3 Justiça I Título. 95-1842
CDU – 347.96(450)
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